O presidente da Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), Venilton Tadini, afirmou que não é possível ter crescimento econômico sem investimento público. O dirigente criticou o Teto de Gastos, medida aprovada no governo Michel Temer (MDB), após o golpe contra Dilma Rousseff e apoiado pela administração de Jair Bolsonaro (PL). De acordo com o dirigente, essa a “indução do Estado para a articulação de políticas públicas é um resgate fantástico que está sendo feito”.
“A gente nunca teve uma queda tão substantiva do investimento público como teve nos últimos cinco anos. Investimento tem de ter caráter de flexibilidade para ser usado como ação anticíclica”, disse em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.
“O que nós tínhamos antes era o contrário. Havia um teto onde o investimento era um gasto discricionário e as demais despesas avançavam, corrigida pela inflação, e o investimento era cortado. É o ajuste mais perverso que existe numa economia, porque você tá acabando com seu capital fixo para o potencial de crescimento futuro”.
Articulação de políticas públicas no governo Lula
O empresário comentou sobre o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e disse que “vemos algumas questões positivas”. “Essa equipe econômica tem a clareza de que investimento é absolutamente fundamental para a infraestrutura e, consequentemente, para a retomada do crescimento”, acrescentou.
De acordo com o dirigente, essa “leitura da importância de indução do Estado para a articulação de políticas públicas é um resgate fantástico que está sendo feito”. Ainda sobre a gestão do presidente, Tadini destacou a “clareza da forma como é tratada a questão da responsabilidade fiscal, mas sem perder de vista a questão do investimento que havia sido perdido”.
Transição energética
O presidente da Abdib citou a importância de investimentos em energias renováveis. “Há uma série de questões que estão sendo avaliadas, principalmente o programa de apoio à transição energética ligada ao processo de reindustrialização. Isso está sendo discutido dentro do BNDES, no Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, no Ministério da Fazenda e no Ministério do Planejamento. O Brasil vai ser um player importante na transição energética, com fontes renováveis e com hidrogênio verde”.
Em sua análise, Tadini afirmou que a “Abdib sempre foi a favor de não ter apenas incentivos horizontais para indústria, mas ter incentivos específicos para setores e para produtos”. “Aliás, nos Estados Unidos, toda parte de eólica e solar está atrelada ao desenvolvimento e industrialização de várias cidades no país, com produtos definidos, como painéis solares. Os Estados Unidos não querem depender da China para ter painéis solares nem da Coreia e Taiwan para ter semicondutores. Política industrial não se faz só pela orientação dos vetores de mercado, principalmente o conceito de indústria nascente, de concorrência internacional. Você tem de ter na partida apoios importantes para desenvolver sua indústria”.