A indústria de transformação no Brasil perdeu posições nos rankings mundiais, tanto na produção como na exportação, na comparação entre os anos de 2020 para 2021, segundo dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgados na sexta-feira (14). A produção brasileira teve participação na produção mundial reduzida de 1,31%, em 2020, para 1,28%, em 2021. É o menor percentual da série histórica, que teve início no ano de 1990, e, com isso, o Brasil foi ultrapassado pela Turquia e caiu para da 14ª para a 15ª posição em 2021.
A indústria de transformação é um setor que realiza a transformação de matéria-prima (insumos) em produtos finais, ou em um item intermediário (que pode ser novamente modificado em outra etapa da produção). Os dados usados pela CNI na análise são da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Unido).
A perda de competitividade da indústria brasileira no Governo Bolsonaro tem reflexos na redução da mão de obra. Em 2020, a indústria brasileira empregou 7,7 milhões de pessoas, das quais 97,4% estavam alocadas nas indústrias de transformação. Juntos, os cinco setores que mais empregaram, em 2020, concentraram 46,5% da mão de obra na indústria: fabricação de produtos alimentícios (23%), confecção de artigos do vestuário e acessórios (6,7%), fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (5,8%), fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias (5,7%) e fabricação de produtos de minerais não metálicos (5,3%). Os dados são da Pesquisa Industrial Anual Empresa 2020 (PIA Empresa), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Ainda, segundo o IBGE, a indústria reduziu a mão de obra ocupada em cerca de 1 milhão de pessoas entre 2011 e 2020, com ênfase em setores que provavelmente enfrentam de forma mais intensa mudanças estruturais relacionadas, por exemplo, à evolução da tecnologia, à forte concorrência com o setor externo e à dependência do consumo interno.
Perda de posição do Brasil mostra falta de prioridade para a indústria de transformação no Governo Bolsonaro
De acordo com a CNI, a participação do Brasil na produção mundial da indústria de transformação vem em tendência de queda. O país se manteve entre os 10 maiores produtores industriais do mundo, até 2014. Com a recessão de 2014-2016 e a desvalorização do real, o país perdeu posições para o México e a Indonésia.
Já a parcela do Brasil nas exportações mundiais de bens da indústria de transformação subiu de 0,77%, em 2020, para 0,81%, em 2021, segundo estimativa da CNI.
Segundo a CNI, o país caiu de 30º para 31º lugar no ranking mundial dos exportadores de bens da indústria de transformação de 2020 para 2021, sendo ultrapassado pela Indonésia.
A CNI também avaliou que, mesmo com o aumento da participação nas exportações mundiais, o percentual se encontra abaixo do registrado pré-pandemia de covid-19, o que não permite afirmar que o país conseguiu reverter a tendência de queda iniciada em 2012.
Para a CNI, entre os 11 principais parceiros comerciais do Brasil, a China teve o melhor desempenho tanto na produção como nas exportações mundiais da indústria de transformação em 2021.
Em relação à participação nas exportações mundiais de bens da indústria de transformação, o país registrou aumento de 17,10%, em 2020, para 18,43%, em 2021, segundo estimativa da entidade, e lidera o ranking.
Já na participação no valor adicionado da indústria de transformação mundial, entre 2020 e 2021 a China teve um aumento de 30,08% para 30,45%, informou a entidade.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias