A taxa anual de inflação da zona do euro (CPI, da sigla em inglês) atingiu recorde histórico em junho, chegando a 8,6%, depois da aceleração de 8,1% em maio e de 7,4% em abril. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (19) pela Eurostat, agência de estatísticas da União Europeia. O setor de energia é o responsável pela metade do indicador, devido à guerra da Rússia contra a Ucrânia, que inflou os preços da energia na região.
Diante do aumento inflacionário, a expectativa é de que o Banco Central Europeu (BCE) aumente as taxas de juros pela primeira vez em 11 anos, na reunião que vai acontecer na próxima quinta-feira (21). Lembrando que a meta de inflação do BCE é de 2%, ou seja, muito abaixo da realidade que agora se impõe à zona do euro.
Em relação a maio, o CPI da zona do euro avançou 0,8% em junho, em linha com a expectativa do mercado. Apenas o núcleo do indicador do bloco, que desconsidera os preços de energia e alimentos, teve ganho anual de 3,7% no período, confirmando a estimativa prévia. Quando comparado a maio, o núcleo do índice avançou 0,2% no mês passado.
Metade da inflação da zona do euro é resultado dos preços de energia, afetados pela guerra
A guerra na Ucrânia impactou fortemente os preços de energia da Europa, uma vez que os países do bloco são fortemente dependentes do gás vindo da Rússia. O conflito, que já dura desde fevereiro sem sinais de que seu fim esteja próximo e, por isso, deve continuar impactando os preços de energia, responsáveis por metade da inflação recorde apontada em junho pela zona do euro.
Conforme a Eurostat, depois da energia, impactaram no indicador o setor de alimentos e outros serviços mais caros.
Somente a energia contribuiu com 4,19 pontos percentuais para a leitura geral anual, enquanto alimentos, álcool e tabaco equivaleram a 1,88 ponto. Por sua vez, o segmento de serviços teve contribuição de 1,42 ponto no indicador.
Dentre os 19 países da zona do euro, a maior taxa de inflação foi apontada na Estônia, onde os preços subiram 22% em junho, seguida por Lituânia (20,5%), Letônia (19,2%) e Eslováquia (12,6%).
Por outro lado, a menores taxas foram registradas em Malta (6,1%), França (6,5%) e Finlândia (8,1%). Na Alemanha, o indicador ficou em 8,2%.
Devido à alta da inflação da zona do euro, BCE deve aumentar taxa de juros na quinta-feira
A expectativa é de que, na próxima quinta-feira (21), o Banco Central Europeu deve elevar a taxa de juros como medida para conter a alta da inflação, o primeiro aumento em 11 anos. Pelas projeções do Bank of America (BofA), o BCE deve elevar a taxa em 0,25 ponto percentual.
Em junho, a autoridade monetária europeia já estava se preparando para o reajuste das taxas, mas projetava que esse aumento só aconteceria em setembro.
De acordo com o BofA, além da alta de 0,25 pp, o BCE “provavelmente deixará a porta aberta para mais uma alta de 0,5 ponto percentual em setembro”. E complementou a instituição americana em seu relatório: “Discussões sobre as taxas neutras e terminais são fundamentais para amortecer a volatilidade. Antes que o BCE finalize a ferramenta antifragmentação e comece a subir tanto quanto a maioria dos outros bancos centrais do G10, não esperaríamos que o euro encontre suporte. Também não esperamos intervenção cambial do BCE”.
Redação ICL Economia
Com informações de agências de notícias