Inflação no Brasil é uma das maiores do mundo e corrói salários. Elevação soma 11,7% em 12 meses

O governo e sua política econômica (ou a falta dela) não estão conseguindo frear a inflação e nem recuperar o mercado de trabalho
6 de julho de 2022

Relatório divulgado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), na terça-feira (5), mostra que a inflação no Brasil continua entre as maiores do mundo e está bem acima da média das grandes economias. O país figura em quarto lugar na lista dos países avaliados. A alta de preços no Brasil alcançou 11,7% no acumulado dos últimos 12 meses.

Na lista de 19 países mais a União Europeia que compõem o G20 (grupo das 20 maiores economias do planeta), o Brasil só está atrás da Turquia, Argentina e Rússia.

Considerando todo o grupo do G20, a inflação acumulada no período é de 8,8%. Alimentos e energia foram reportados pela organização como setores com relevante contribuição para a escalada dos preços.

No conjunto dos 38 países que fazem parte da OCDE, a inflação ao consumidor chegou a 9,6% em maio, atingindo o maior patamar desde agosto de 1988, com o Brasil também acima da média (11,7%).

Entre os países que integram a OCDE, são 10 com taxas de dois dígitos no ano, com as maiores inflações sendo registradas na Turquia, Estônia (20%), Lituânia (18,9%) e Letônia (16,9%). Além destes países, apenas outros 3 integrantes da organização possuem taxas acima da brasileira: República Tcheca (16%), Polônia (13,9%) e Eslováquia (12,6%).

Inflação no Brasil corrói salários de trabalhadores formais

Como se não bastassem os altos índices da inflação no Brasil, que corroem o valor do dinheiro, o brasileiro ainda sofre com o achatamento dos salários. Dados recentes do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho e Previdência, indicam que o salário médio de contratação no país em empregos com carteira assinada caiu em maio e já acumula queda de 5,6% em um ano.

Em maio, o salário médio real de admissão foi de R$ 1.898, contra um valor de R$ 1.916 em abril, e de R$ 2.010 em maio do ano passado, em valores corrigidos pela inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Esse valor médio registrado em maio [R$ 1.898] é o mais baixo desde dezembro de 2021.

Entre os 21 principais grupamentos de atividades econômicas, os menores salários de contratação em maio foram em vagas em serviços domésticos, alojamento e alimentação, e no comércio.

Os salários iniciais também seguem menores que as remunerações médias dos profissionais que saíram das vagas. Em maio, o salário médio real dos trabalhadores demitidos foi de R$ 1.957. Ou seja, 3,15% acima do salário médio de contratação (R$ 1.898).

Os números do Caged mostram o que os trabalhadores sentem no dia a dia: os salários estão encolhendo, sendo corroídos pela inflação nas alturas e pelo elevado número de brasileiros em busca de uma ocupação.

Isso significa que o atual governo e sua política econômica (ou a falta dela) não estão conseguindo recuperar o mercado de trabalho nem diminuir o desemprego.

O Banco Central já admitiu oficialmente que a meta de inflação será descumprida em 2022 pelo segundo ano seguido – a estimativa é que o IPCA feche o ano em 8,8%. Nesse cenário, é pouco provável uma inversão da rota de queda real dos salários de contratação no curto prazo.

Analistas econômicos acreditam em desaceleração do ritmo de criação de vagas de emprego em razão do aperto das condições monetárias e financeiras, em meio à alta da taxa básica de juros para tentar frear a inflação.

Redação ICL Economia
Com informações das agências

 

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