Inflação pelo IGP-10 sobe 0,60% em julho. No ano, indicador da FGV acumula avanço de 9,18%

Economista ICL avalia que política de redução do ICMS traz alívio inflacionário apenas no curto prazo, pois "novos aumentos do petróleo ou do câmbio podem gerar novos choques de custos"
19 de julho de 2022

Mesmo com o impacto menor de diversos grupos que compõem o indicador, a inflação pelo IGP-10 (Índice Geral de Preços-10) subiu 0,60% em julho, percentual um pouco abaixo da alta do mês anterior, quando alcançou 0,74%. Apesar do arrefecimento, no ano, o indicador acumula avanço de 9,18% e de 10,87% em 12 meses. Em julho do ano passado, a elevação foi bem menor, apontando 0,18%, e o acumulado de 12 meses chegou a 34,61%. O grupo de alimentação foi o que mais impactou o índice no período.

Os índices foram divulgados ontem (18) pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV). O IGP-10 mede a evolução de preços no período entre os dias 11 do mês anterior e 10 do mês de referência. A série do indicador começou no início em 1993.

A inflação do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) – que mede a variação de preços de um conjunto fixo de bens e serviços referentes às despesas habituais de famílias com nível de renda entre 1 e 33 salários mínimos mensais – aumentou 0,42% em julho.

Segundo o Ibre, sete das oito classes de despesas que compõem o índice caíram. De junho para julho, os transportes saíram de 0,45% para queda de 0,41%; educação, leitura e recreação, de 3,15% para 1,52%; saúde e cuidados pessoais, de 0,84% para 0,24%; vestuário, de 1,83% para 0,80%; comunicação, de recuo de 0,25% para queda de 0,79%; despesas diversas, de 0,66% para 0,22%; e habitação, de 0,13% para 0,07%.

Conforme a pesquisa, as principais contribuições para a ligeira queda foram da gasolina (0,24% para -1,49%), passagem aérea (16,35% para 6,99%), artigos de higiene e cuidado pessoal (1,64% para -1,34%), roupas (2,04% para 0,99%), do combo de telefonia, internet e TV por assinatura (-0,59% para -1,79%), serviços bancários (0,78% para 0,11%) e taxa de água e esgoto residencial (3,74% para 0).  Desde abril, o  preço doméstico do combustível tem sido um dos principais responsáveis pela maior pressão à inflação.

O único a apresentar elevação foi o grupo alimentação (0,42% para 1,48%). O item laticínios, cuja taxa passou de 3,94% para 8,81%, foi a maior influência nessa classe de despesa.

Segundo o economista ICL Economia André Campedelli, a política de redução do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) trouxe alívio inflacionário no curto prazo, mas isso não significa que tal situação seja permanente. “Novos aumentos do petróleo ou do câmbio podem gerar novos choques de custos sobre os combustíveis no médio prazo. Além disso, preocupa a volta de uma inflação maior sobre os alimentos, que foram um dos principais pilares inflacionários para o primeiro semestre e vinha atuando de forma comportada nos últimos meses. Devemos ficar atentos a esse comportamento, puxado principalmente pelos laticínios”, afirma Campedelli.

Outro indicador, com alta em julho, foi o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que mede o atacado. A taxa subiu 0,57%, ante 0,47% em junho. De acordo com o Ibre, na análise por estágios de processamento, os preços dos bens finais avançaram de 0,01% em junho para 0,99% em julho. O subgrupo alimentos processados, que saiu de queda de 0,25% para alta de 1,52%, foi a principal contribuição para o resultado. O índice relativo a bens finais, que exclui os subgrupos alimentos in natura e combustíveis para o consumo, avançou 1,18% em julho, enquanto em junho havia sido de 0,57%.

O grupo bens intermediários subiu de 1,57% em junho para 1,59% em julho. O aumento da taxa do subgrupo combustíveis e lubrificantes para a produção foi de 7,81% para 9,07%, sendo a principal influência para o resultado. Em movimento contrário, o índice de bens intermediários, obtido após a exclusão do subgrupo combustíveis e lubrificantes para a produção, registrou queda de 0,03% em julho, depois de subir 0,30% no mês anterior.

O grupo matérias-primas brutas ampliou a queda, que em junho ficou em 0,29%, para 0,91% em julho. O desempenho das taxas do minério de ferro (-2,86% para -5,93%), do algodão em caroço (6,32% para -9,15%) e da cana-de-açúcar (2,32% para -0,93%) favoreceu o recuo da taxa do grupo. Mas os bovinos (-3,44% para 2,13%), a mandioca/aipim (-7,13% para 6,35%) e os suínos (-7,91% para 15,99%) apontaram índices maiores, sendo os movimentos mais relevantes para o resultado.

O IPA mede as variações de preços de produtos agropecuários e industriais do atacado nos estágios de comercialização anteriores ao consumo final.

Assim como na inflação pelo IGP-10, índice ao produtor também sente peso de combustíveis e alimentação

 

inflação pelo IGP-10

Crédito: Portal FGV

O coordenador dos Índices de Preços da FGV, André Braz, em entrevista à Agência Brasil, explicou que a inflação ao produtor foi impactada pelos preços dos alimentos e dos combustíveis, sendo que, entre os alimentos, o leite industrializado foi o destaque, com alta de 16,30%. Já entre os combustíveis, o destaque foi o diesel, com alta de 10,91%.

A aceleração do IPA não foi mais intensa devido à queda dos preços de commodities importantes. Minério de ferro (de -2,86% para -5,93%), milho (de -0,31 para -3,31%) e algodão (de 6,32% para -9,15%) registraram recuos em suas cotações diante do risco de recessão global. Já no IPC, gasolina (-1,49%) e energia (-1,45%) refletem parcialmente a redução do ICMS em seus números, favorecendo a desaceleração observada na taxa de variação do IPC.

O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), por sua vez, aumentou 1,26% em julho, variação abaixo da registrada no mês anterior, quando ficou em 3,29%. Nos três grupos componentes do indicador, na passagem de junho para julho, o de materiais e equipamentos saiu de 1,66% para 0,94%; o de serviços, de 0,69% para 0,59%; e o de mão de obra, de 5,30% para 1,67%. O INCC acompanha a evolução dos preços de materiais, serviços e mão de obra mais relevantes para a construção civil.

inflação pelo IPG-10

Fonte: Portal FGV



Da Redação ICL Economia
Com informações da Agência Brasil

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