Energia e alimentos, mais uma vez, impulsionaram a inflação nos países da Europa. Os preços ao consumidor subiram 10% em setembro em relação ao ano anterior, segundo dados da Eurostat na sexta-feira (30). A inflação recorde de dois dígitos tem aumentado a pressão sobre o Banco Central Europeu (BCE) para continuar a aumentar juros agressivamente. O índice de inflação subjacente que exclui energia e alimentos também superou as estimativas e atingiu uma máxima histórica de 4,8%. Na tentativa de conter a inflação neste ano, o BCE fez a primeira elevação da taxa de juro, desde 2011, em 0,5 ponto percentual em 21 de julho passado.
A expectativa de analistas é de que os últimos números, provavelmente, estimularão pedidos de mais uma alta grande na próxima decisão do BCE em 27 de outubro. Na semana passada, o mercado começou a precificar um segundo aumento de 0,75 ponto percentual.
Banco Central Europeu quer diferenciar a inflação recorde da zona do euro com a dos Estados Unidos
Apesar de terem acentuado o combate à inflação com um movimento desse tamanho em setembro, as autoridades do BCE também procuraram diferenciar a situação da zona do euro e a dos EUA, insistindo que a disparada de preços na região é muito mais impulsionada pela oferta do que pela demanda do consumidor.
Mesmo assim, os formuladores de política monetária ficarão nervosos com mais um recorde. O governador do banco central croata, Boris Vujcic, que se juntará ao Conselho do BCE em janeiro, alertou em entrevista publicada semana passada que “quando a inflação está alta, quando se aproxima dos níveis de dois dígitos, pode se tornar uma doença em si mesma”.
Com a Rússia privando a Europa de gás e o inverno no hemisfério norte se aproximando, as autoridades se preparam para meses ainda mais difíceis. Os aumentos de preços podem acelerar ainda mais em alguns países, enquanto recessões se tornam cada vez mais prováveis.
As últimas previsões da OCDE coincidem com essa visão. Na segunda-feira passada, as autoridades elevaram sua projeção para a inflação na zona do euro no próximo ano em 1,6 ponto percentual, para 6,2%, superando visivelmente a perspectiva do próprio BCE. Horas depois, o presidente do BCE Christine Lagarde reiterou que seus funcionários também veem o perigo de um resultado mais alto.
Redação ICL Economia
Com informações das agência de notícias