Ao completar dez semanas e sem previsão de término, a invasão da Ucrânia pela Rússia devasta a economia, fazendo com que a inflação em todo o mundo mergulhe em uma espiral de alta. A guerra teve início em 24 de fevereiro e está entrando na 11ª semana.
Na Ucrânia, os danos já são praticamente imensuráveis, com infraestrutura destruída, importações e exportações paralisadas e metade dos negócios do país fechados.
O Produto Interno Bruto (PIB) do país caiu 3,8% em 2020, primeiro ano da pandemia. Em 2021, a economia conseguiu uma breve recuperação e cresceu 3,4%. E a estimativa do Fundo Monetário Internacional (FMI) era que, em 2022, o PIB avançasse 3,2% e, em 2023, outros 3,5%. Hoje, a estimativa do Banco Mundial é que a economia ucraniana encolha 45,1% em 2022.
A guerra não só devasta a economia da Ucrânia, mas também afeta a Rússia, muito por causa por causa das sanções impostas pelo Ocidente. O efeito torna-se cascata, abalando os países da Europa, os Estados Unidos e países emergentes como o Brasil.
O FMI prevê que o crescimento global deverá desacelerar de uma estimativa de 6,1% em 2021 para 3,6% em 2022 e 2023. Isso significa 0,8 e 0,2 pontos percentuais a menos para 2022 e 2023 do que o projetado em janeiro.
Especialmente para a Ucrânia, a previsão do FMI é de uma retração de 35% do PIB para 2022 – em relação a 2023, a instituição não arrisca projeções. Enquanto isso, para a Rússia, a expectativa é de uma retração de 8,5% para este ano e queda de 2,3% em 2023.
Relatório divulgado pelo Banco Mundial também aponta que a guerra deve infligir o dobro de danos econômicos na Europa e na Ásia Central do que a pandemia da Covid-19, e prepara um pacote de ajuda de US$ 170 bilhões para superar os efeitos da crise.
A inflação sobe em todo o mundo, tendo como principal causa os aumentos nos preços das commodities. A estimativa de inflação do FMI para este ano é de alta de 5,7% nas economias avançadas e 8,7% nos países emergentes. Já para as economias em desenvolvimento é entre 1,8% e 2,8% acima do projetado em janeiro passado.
Produção agrícola e preço do petróleo afetados pela invasão da Ucrânia
Outro problema trazido pela invasão da Ucrânia é a queda do fornecimento de produtos agrícolas ao mundo, o que leva também à piora das projeções econômicas mundiais, como consequência da alta do preços, pela redução da oferta de commodities.
A Ucrânia responde por cerca de 10% do comércio global de trigo e, junto com a Rússia, é responsável por cerca de 30% do trigo e da cevada consumidos globalmente.
A invasão da Ucrânia pela Rússia ocorre em um momento em que os preços globais de alimentos e energia já estão elevados. Nos últimos 18 meses, os preços do trigo subiram quase 110%; os do milho e do óleo vegetal, 140%; e os da soja, 90%. Esses desenvolvimentos ocorreram quando o crescimento econômico mundial se recuperou das medidas de contenção da pandemia.
Os preços do petróleo bruto e do gás natural começaram a subir, refletindo a recuperação econômica pós-pandemia e as sanções contra o país agressor, a Rússia, o segundo maior produtor e exportador de produtos de energia no mundo.
A Rússia também é o maior exportador de gás natural do mundo e o segundo maior de petróleo. As sanções ocidentais contra o país acabaram incluindo os produtos de energia, o que fez os preços subirem. Lembrando que grande parte dos países europeus são dependentes do gás russo.
Após 10 semanas da invasão da Ucrânia, a referência WTI norte-americana acaba por acumular alta neste ano de 45,3%, sendo 19% desde o fatídico 24 de fevereiro, quando valia US$ 92,81 o barril (em 1º de janeiro valia US$ 76,08).
Já a referência britânica, o Brent, ganhou 43,8% só em 2022 – no último fechamento valia US$ 112,39, enquanto que no primeiro dia do ano estava cotado a US$ 78,98 –, sendo mais de 14% desde o início do conflito.
Enquanto isso, o gás natural – um dos principais trunfos de Putin nesta guerra contra os países da Europa – já se valorizou impressionantes 115,5% em 2022, sendo 68,98% desde o início da guerra.
Redação ICL Economia
Com informações das agências