Estudo produzido pela FGV Conhecimento, divulgado ontem (23), mostra que o impacto dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro (2016) na economia do município chegou a R$ 99 bilhões, em termos de valor bruto da produção (VBP), e a R$ 51 bilhões em PIB. Os valores se referem tanto aos projetos finalizados para a realização dos Jogos quanto aqueles que foram concebidos no contexto das Olimpíadas, mas foram desenvolvidos ou expandidos posteriormente à sua operação. Quando somados os impactos no estado do Rio como um todo, esses valores alcançam, respectivamente, R$ 134,7 bilhões e R$ 69,6 bilhões. Todos os resultados estão em valores monetários de março de 2024.
No evento de exposição do estudo, Daniel da Mata, professor da EESP, coordenador do trabalho, explicou que para realizar esse cálculo os pesquisadores envolvidos utilizaram o Modelo de Insumo-Produto, que permite analisar as relações entre os diferentes setores da economia e calcular os efeitos multiplicadores dos investimentos realizados. “Buscamos identificar as conexões tanto anteriores à realização dos Jogos, como obras de construção, quanto posteriores, relacionadas por exemplo à operação de projetos de infraestrutura de transportes, identificando também os vazamentos, ou seja, a parcela da produção que vem de fora do município ou estado”, descreveu Mata.
Da lista do legado finalizado constaram 28 projetos, sendo o de maior investimento o Porto Maravilha, de R$ 8,2 bilhões, seguido pelo VLT do Porto, com R$ 1,19 bilhão. Entre os projetos classificados como em andamento ou expansão também se destacam os de mobilidade, como o BRT Transbrasil (R$ 2 bilhões) e o investimento em novas garagens e veículos para esse sistema, com investimento de R$ 1,78 bilhão. Presente no evento, o prefeito do Rio de Janeiro Eduardo Paes, afirmou que desde o projeto Olimpíadas a parcela da população usuária de transporte público de média capacidade subiu de 18% para 65%.
Estudo calculou impactos dos Jogos Olímpicos no emprego, na renda e na arrecadação de impostos
O estudo também calculou o impacto dos jogos em termos de geração de emprego e renda e em arrecadação de impostos. Na capital do Rio, o estudo aponta a geração de 465 mil ocupações, mais outras 167,8 mil no restante do estado. Essa dinâmica resultou na geração de R$ 36,16 bilhões em renda para as famílias cariocas, e R$ 13 bilhões para os fluminenses de fora da capital. E, quanto à arrecadação de impostos, identificou-se uma arrecadação de R$ 5,32 bilhões no município e R$ 1,9 bilhão na somatória das demais cidades do Rio.
Uma das características destacadas no estudo foi o importante papel do investimento privado na concretização de projetos como o do Porto Maravilha e do Parque Olímpico. Tal como mencionado pela economista Maria Silvia Bastos, que foi presidente da Empresa Olímpica Municipal, em entrevista à Conjuntura Econômica (leia aqui), esse arranjo colaborou para a concretização do evento em um contexto brasileiro de recessão econômica (que durou do segundo trimestre de 2014 ao final de 2016, de acordo à datação do Codace) e crise política.
O prefeito destacou no evento que o objetivo de atração de grandes eventos à cidade faz parte de um pensamento estratégico que perpassa diversas gestões há décadas, visando o impacto intangível que estes têm para a imagem do Rio. “Sediar grandes eventos internacionais mantém no imaginário mundial o desejo de estar no Rio de Janeiro”, afirmou Paes. Nas Olimpíadas de Paris que começam esta semana, quando os comentaristas compararem o desempenho de um atleta ao de Michael Phelps na Rio 2016, ou quando o noticiário repercutir declaração da secretária do Tesouro dos EUA em sua participação no G20, isso colabora para a manutenção desse desejo, afirmou.
Do site FGV Ibre