Lula defende que acordo comercial com a China seja discutido em conjunto pelo Mercosul

Presidente do Uruguai já negocia um acordo comercial com a China, já em fase avançada. O comportamento uruguaio tem provocado descontentamento de outros membros do bloco
26 de janeiro de 2023

Ao lado do presidente uruguaio, Luis Alberto Lacalle Pau, durante visita a Montevidéu, no Uruguai, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse à imprensa que eles estavam totalmente de acordo com a ideia de discutir a chamada inovação ou renovação do Mercosul. Lula defendeu ainda que um acordo comercial com a China seja discutido em conjunto pelo Mercosul. Antes de chegar ao Uruguai, Lula esteve na Argentina, onde participou da abertura da 7ª Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), 

O presidente do Uruguai defende a possibilidade de o país negociar, inclusive de forma unilateral, acordos comerciais com países de fora do Mercosul. Lacalle Pau já negocia com a China um tratado de livre comércio, que está em fase avançada. O comportamento uruguaio tem provocado descontentamento de outros membros do bloco.

Em dezembro do ano passado, Lacalle Pou e o presidente argentino, Alberto Fernández, se desentenderam durante uma reunião de líderes do Mercosul. Fernández disse que o Uruguai está descumprindo as regras do bloco, e que isso implica um rompimento com os outros sócios.

“Quero dizer ao presidente e à imprensa uruguaia que os pleitos do presidente Lacalle são mais que justos. Primeiro porque o papel de um presidente é defender os interesses do seu país, os interesses da sua economia e os interesses do seu povo. Segundo porque é justo querer produzir mais e querer vender mais e, por isso, é preciso se abrir o quanto mais possível para o mundo dos negócios”, afirmou Lula.

Lula diz que Brasil, enquanto Mercosul, quer sentar e discutir com chineses um acordo comercial Mercosul-China

“O que precisamos fazer para modernizar o Mercosul? Queremos sentar à mesa primeiramente com nossos técnicos, depois com nossos ministros, e finalmente com os presidentes para que a gente possa renovar aquilo que for necessário renovar”, disse o presidente Lula. 

“Apesar de o Brasil ter na China o seu maior parceiro comercial e de o Brasil ter um grande superávit com a China, nós queremos sentar enquanto Mercosul e discutir com nossos amigos chineses um acordo Mercosul-China”, disse o petista, segundo a reportagem publicada pelo G1.

Em novembro do ano passado, coordenadores nacionais da Argentina, Brasil e Paraguai enviaram uma nota ao Uruguai em que disseram que, diante da “possível apresentação, pela República Oriental do Uruguai, de pedido de adesão ao Acordo Abrangente e Progressivo para a Parceria Transpacífica-CPTPP”, poderiam “adotar as eventuais medidas que julgarem necessárias para a defesa de seus interesses” jurídicos e comerciais.

O alerta também decorre da possível apresentação de um pedido uruguaio de adesão ao Acordo Abrangente e Progressivo para a Parceria Transpacífica (CPTPP) – tratado que estabelece livre comércio entre Austrália, Brunei, Canadá, Chile, Japão, Malásia, México, Nova Zelândia, Peru, Cingapura e Vietnã.

O CPTPP remove tarifas em cerca de 95% de parte dos bens comercializados entre países-membros.

Em entrevista ao jornal “Folha de S.Paulo”, o ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, disse que um acordo de livre comércio entre Uruguai e China poderia significar a destruição do Mercosul. Segundo o chanceler, o bloco possui uma Tarifa Externa Comum e se o Uruguai negociar outra tarifa sairia dessa coordenação política tarifária e geraria desequilíbrio.

“É uma questão do arcabouço legal do Mercosul. Se negociar com tarifas diferentes, se forem [tarifas] mais baixas, as coisas que entrarem nesse país mais baratas —porque pagam menos— circularão nos outros porque há livre circulação [de mercadorias]. Há uma coordenação de política tarifária, nós todos adotamos o mesmo sistema para poder comerciar, exportar e importar também no mesmo pé de condição. Se não, desequilibra”, disse ele à Folha.

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias

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