Haddad diz que Lula encomendou ‘redesenho’ de gastos públicos

"Está encomendado pelo presidente Lula, que vai ter a sabedoria de saber o que fazer e o que não fazer para não prejudicar a população mais pobre deste país", afirmou o ministro da Fazenda.
28 de junho de 2024

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse ontem (27) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) encomendou a ele um “redesenho” de gastos públicos, com revisão de renúncias fiscais, sem prejudicar a população mais pobre.

Em entrevistas recentes, incluindo a que deu ao UOL na última quarta-feira (26), Lula afirmou que, “enquanto for presidente”, não desvinculará o aumento das aposentadorias e pensões do reajuste do salário mínimo. O petista afirmou que dar aumento real do salário mínimo não é gasto. “Não considero isso um gasto”, disse ele ao ser questionado se pretendia impedir que o reajuste das pensões previdenciárias e do BPC (Benefício de Prestação Continuada), concedido a deficientes e idosos com 65 anos ou mais, respeitasse a correção inflacionária e o aumento do PIB.

Segundo Haddad, que fez discurso durante a reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, o chamado “Conselhão”, no Palácio do Planalto, disse que o petista “nunca desautorizou” a equipe econômica a buscar o equilíbrio fiscal.

“[Busca] também pelo redesenho das políticas públicas que está encomendado pelo presidente Lula, que vai ter a sabedoria de saber o que fazer e o que não fazer para não prejudicar a população mais pobre deste país”, afirmou Haddad.

Ele também lembrou que é preciso proteger a “nossa economia e a forma é acelerar a agenda de reformas econômicas, macroeconômicas e microeconômicas no Congresso, acelerar o redesenho de políticas públicas, buscar equilíbrio fiscal, sim, pelo lado da receita e da despesa, não há outra forma de fazê-lo, com sabedoria, com inteligência para que não coloquemos em risco o crescimento que ajuda a estabilizar a relação dívida-PIB”.

No encerramento do discurso, o ministro da Fazenda salientou: “Reconhecemos a necessidade de encerrar as pressões de gastos públicos, desde que, como sempre lembra o presidente, cuidemos dos mais vulneráveis”.

O governo tem sido pressionado pelo mercado financeiro a cortar gastos e equilibrar as contas públicas, trabalho que já estava sendo feito pelos ministros Haddad e Simone Tebet (Planejamento e Orçamento).

Gastos públicos: Haddad diz que projeta inflação média abaixo de 4% ao final do mandato de Lula

O ministro da Fazenda disse que projeta uma inflação média abaixo de 4% ao final do terceiro mandato de Lula, em 2026, e crescimento médio de cerca de 3% ao ano.

“Inflação média abaixo de 4%, porque nossa meta é chegar a 3% já ano que vem, mas é perfeitamente possível que a média de seu mandato esteja baixo de 4%, com crescimento médio beirando os 3%”, estimou Haddad.

O governo federal publicou na quarta-feira, em edição extra do Diário Oficial da União, o decreto que institui alterações no sistema de meta de inflação. A partir de 2025, valerá a meta contínua, sem vinculação ao ano-calendário (janeiro a dezembro de cada ano) que existe desde 1999.

Pelo texto, o Banco Central (BC) descumprirá a meta caso a inflação fique fora do teto do alvo por seis meses consecutivos. Anteriormente, o cumprimento ou descumprimento da meta de um ano era avaliado somente no início de janeiro do ano seguinte, quando o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulga a inflação de janeiro a dezembro.

O CMN (Conselho Monetário Nacional), formado pela Fazenda (presidência), Planejamento e Banco Central, também confirmou a meta de inflação em 3% em 2025 e 2026, mesmo percentual deste ano.

Na avaliação do ministro, quem critica a postura de Lula em relação à inflação “não está prestando atenção” aos dados oficiais divulgados pelo governo.

“É a menor inflação média de todos os mandatos desde que o regime de metas de inflação foi criado no Brasil. Portanto, aqueles que acusam o senhor de não estar prestando atenção na inflação, não estão prestando atenção nos dados que estamos divulgando pelo IBGE, que estamos convergindo para a meta, que é uma meta exigente, e que foi ontem reafirmada pelo seu governo”, disse Haddad ao lado de Lula.

Na reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, Haddad ainda ainda conclamou aos empresários presentes que usem de suas influências junto a deputados e senadores para que o Congresso aprove a regulamentação da reforma tributária nas próximas semanas.

Para o ministro, o texto deve ser aprovado sem novas excepcionalidades, que podem fazer com que a alíquota padrão do IVA (Imposto sobre Valor Agregado) suba.

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias 

 

 

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