O Brasil está prestes a retomar o protagonismo nas discussões ambientais, agenda que foi esvaziada ao longo do governo de Jair Bolsonaro (PL). Trinta anos depois da Cúpula da Terra, a Eco 1992, o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), participa da Conferência das Partes sobre o Clima (COP-27), que acontece em Sharm El Sheik, no Egito, entre os dias 17 e 18 de novembro. Com Lula na COP 27, que começou no domingo passado (6), o país pode retomar os laços internacionais mostrando que a pauta ambiental voltará a ter a importância que merece.
A agenda ambiental é uma das prioridades do governo eleito, que pretende criar um ministério dos povos originários, com a finalidade de trazer protagonismo à causa ambiental ao longo de seu governo. O programa de governo de Lula para a área traz eixos e diretrizes estratégicas a fim de reconstruir o que foi destruído durante o atual governo, como os órgãos de fiscalização e de combate ao desmatamento.
A propósito, uma das metas de Lula é proteger a Amazônia e promover o desmatamento zero da floresta, com a retomada de medidas de prevenção e controle, além da meta de alcançar a agricultura e economia de baixo carbono.
Assim, o Brasil vai deixando de ser um pária internacional para retomar seu papel como importante liderança nos debates acerca do tema. Tanto que, ontem (7), o ex-vice presidente dos Estados Unidos Al Gore, em seu discurso na conferência, citou que “o Brasil escolheu parar com a destruição da Amazônia”, em uma referência ao resultado das eleições presidenciais.
Lula foi convidado a participar da COP 27 pelo governador reeleito do Pará, Helder Barbalho (MDB), em nome do Consórcio de Governadores da Amazônia Legal. Na sequência, ele também recebeu o convite da ONU (Organização das Nações Unidas) e do presidente do Egito, Abdul Khalil El-Sisi. O presidente Bolsonaro, a exemplo do que fez anteriormente, não deve comparecer à cúpula.
“A importância da presença dele (Lula) está na necessidade de catalisar as agendas ambiental e social”, disse ao jornal O Estado de S.Paulo a ex-ministra do Meio Ambiente nas gestões petistas Izabella Teixeira – conselheira da COP-27. “Lula é uma voz estratégica.”
Lula na COP 27: início da cúpula tem financiamento para perdas e danos como debate central
No segundo dia de reuniões de cúpula da COP 27, o secretário-geral da ONU, António Guterres, fez um alerta: “Estamos na luta de nossas vidas. E estamos perdendo. As emissões de gases de efeito estuda continuam crescendo. As temperaturas globais continuam subindo. E nosso planeta está se aproximando rapidamente de pontos de inflexão que tornarão o caos climático irreversível”.
Mas, para tentar frear esses impactos, é preciso dinheiro. O Fundo Verde do Clima, que deveria ter angariado US$ 100 bilhões por ano desde 2020, reuniu apenas um terço dos recursos prometidos pelos países ricos, segundo a Oxfam. Metas nacionais também estão longe de serem cumpridas.
Dinheiro foi a principal discussão da conferência da ONU sobre mudanças climáticas, que começou com um debate acalorado noite adentro a respeito da concretização da inserção de financiamento para perdas e danos na agenda oficial do evento, item crucial para ajudar as nações mais vulneráveis a cumprirem as suas metas climáticas. O sucesso da COP estaria atrelado à evolução desse tema.
“A questão das perdas e danos precisa ser propriamente abordada, e o tempo chegou para o fazermos. Os países, especialmente os mais vulneráveis e menos desenvolvidos, precisam receber o apoio necessário para atingir suas metas climáticas. Dinheiro é a questão crítica para lidar com a magnitude da crise”, afirmou Simon Stiel, secretário-executivo da convenção-quadro da ONU para mudança climática, que, na cerimônia de abertura, citou o sofrimento de comunidades devido aos efeitos da crise do clima.
Esse assunto já foi discutido na COP26, em Glasgow (Escócia), a partir do Diálogo de Glasgow, que levantou discussões sobre os mecanismos de financiamento em 2022. Contudo, há um receio por parte dos países desenvolvidos de que os mecanismos de perdas e danos venham atrelados à ideia de compensação, o que poderia dar a ideia de que os países ricos estão “compensando” sua responsabilidade nas catástrofes climáticas que afetam outras nações, principalmente as mais vulneráveis. O resultado disso poderia ser valores exorbitantes de compensação.
Diante do cenário econômico mundial alarmante, é possível que os países desenvolvidos tentem adiar decisões sobre os mecanismos de financiamento para até 2024, enquanto as nações mais vulneráveis continuam sofrendo com os efeitos devastadores da crise do clima.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias