Durante a renovação do Tratado de Itaipu, com o Paraguai, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que o novo tratado será muito benéfico para a manutenção do desenvolvimento do Paraguai na América do Sul, do desenvolvimento do Brasil, e para a manutenção dessa relação cordial e harmoniosa do povo brasileiro com o povo paraguaio. Lula ainda disse que os países da América do Sul só se desenvolverão de forma conjunta e solidária, uma vez que, segundo ele, “não é possível imaginar um país rico cercado de países pobres por todos os lados”.
O discurso ocorreu a cerimônia durante a posse do ex-deputado federal e economista Enio Verri (PT) como diretor-geral brasileiro da usina hidrelétrica Itaipu Binacional, com mandato até maio de 2027. Estave presente na cerimônia, ocorrida na quinta-feira (16), o presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez.
Verri assume Itaipu em um momento de renegociação entre os dois países da América do Sul. O Brasil e Paraguai iniciam neste ano uma renegociação do Anexo C do tratado bilateral, que rege a estrutura financeira da empresa e de comercialização da energia da usina.
“O Brasil, como irmão maior dos países da América do Sul, tem que ter a responsabilidade de fazer com que os outros países cresçam junto conosco, para que a gente possa viver em um continente de paz e tranquilidade; e para que a gente nunca mais repita o gesto ignorante de uma guerra entre homens e mulheres e entre nações, como a que ocorreu entre Brasil e Paraguai”, afirmou
Durante o discurso, Lula defendeu o aprimoramento das relações entre os países da América do Sul, em especial no sentido de fortalecer o Mercosul e a União de Nações Sul-Americanas (Unasul).
“O Brasil – por seu tamanho, população e por ser o país mais desenvolvido do ponto de vista industrial, científico e tecnológico – tem de ter a grandeza de ser humilde e a grandeza de compartilhar tudo aquilo que pode acontecer de bom para o povo brasileiro, com os povos dos países vizinhos”, disse.
O novo presidente da hidrelétrica defendeu, em seu discurso, que, para além do valor econômico da energia elétrica, o insumo tem importância também para o desenvolvimento social na América do Sul.
“Prefiro ressaltar que a dimensão social da energia e a universalização do acesso [à energia] é condição habilitante para uma cidadania plena do século 21. É também indispensável para incorporar o mercado de excluídos e o acesso aos bens básicos. Queremos energia para todos os brasileiros e brasileiras. É um direito básico que o Estado tem obrigação de garantir. Por isso mesmo é considerado um serviço essencial”.
Lula acrescentou que o potencial da usina pode favorecer a produção de uma fonte energética limpa que tem despertado cada vez mais o interesse estrangeiro: o hidrogênio verde.
Lula destacou a importância para a economia do Paraguai de encerrar o pagamento das parcelas de financiamento da construção da usina binacional, e assegurou a boa vontade brasileira para as próximas negociações envolvendo o empreendimento.
“Tenho certeza de que faremos um tratado que leve muito em conta a realidade dos dois países e que leve muito em conta o respeito que o Brasil tem que ter por seu aliado, o nosso querido Paraguai”, disse.
Lula: Brasil tem de combinar o seu crescimento econômico com o crescimento econômico dos seus parceiros da América do Sul
O presidente brasileiro lembrou que, durante as negociações para a construção de um linhão ligando a usina à capital paraguaia, Assunção, o governo recebeu muitas críticas de seu empresariado por estarem favorecendo a ida de empresas brasileiras ao país vizinho.
“Esse era o objetivo mesmo, porque um país do tamanho do Brasil, que faz fronteira com todos os países da América do Sul menos Equador e Chile, é um país que tem de combinar o seu crescimento econômico com o crescimento econômico dos seus parceiros”, argumentou.
Ainda na defesa de uma unificação cada vez maior entre os países do continente, Lula disse que retomará o compromisso assumido em seus mandatos anteriores, de fortalecer a Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), inaugurada em 2010, em Foz do Iguaçu.
“Depois que deixei a Presidência, pouca coisa foi feita na Unila. E eu sonhava que essa universidade deveria ter, nos dias de hoje, mais de 20 mil alunos. O meu compromisso com o povo brasileiro é o de reconstruir a Unila”, disse.
“Como é que um país do tamanho de Cuba, com 10 milhões de habitantes e um território do tamanho de Pernambuco, consegue ter universidade de Medicina para oferecer a estudantes de toda a América do Sul e, gratuitamente, para países africanos? E como é que um país do tamanho e com a grandeza do Brasil não tem essa generosidade de oferecer possibilidade para as crianças e adolescentes de todo o nosso continente?”, complementou.
Redação ICL Economia
Com informações da Agência Brasil e agências de notícias