Uma nova pesquisa do Instituto FSB, sob encomenda do banco BTG Pactual, divulgada nesta segunda-feira (22), aponta o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na liderança da corrida eleitoral pela Presidência da República, com 45% das intenções de voto.
Na sequência, aparece o atual chefe do Executivo e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), com 36%, que oscilou positivamente em dois pontos percentuais. Com relação à pesquisa anterior, publicada há sete dias, em 15 de agosto, Lula se manteve estável. Na ocasião, Bolsonaro havia subido quatro pontos percentuais (41% para 45%).
A queda na diferença entre os dois principais candidatos (Lula e Bolsonaro) ao Planalto ocorre dentro da margem de erro, que é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos. A oscilação ocorre após o início das campanhas eleitorais e a posse de Alexandre de Moraes como novo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O estudo mostra que Ciro Gomes tem 6%, dois pontos a menos do que os 8% da pesquisa da semana passada, e Simone Tebet (MDB) registrou 3%, oscilação positiva de um ponto percentual. Vera Lúcia (PSTU) e Pablo Marçal (Pros), cuja candidatura foi retirada pelo seu partido, somaram 1%.
Os demais candidatos não pontuaram. Brancos e nulos somaram 2%, não sabem ou não responderam foram 3%.
Na simulação de segundo turno, Lula venceria Bolsonaro por 52% a 39%, ante 53% a 38% na pesquisa de 15 de agosto. Lula venceria Ciro por 49% a 30% e Simone por 53% a 25%. Ciro bateria Bolsonaro por 47% a 40%. Em um eventual segundo turno entre Bolsonaro e Simone haveria empate: 42% a 42%.
A pesquisa foi feita entre sexta-feira (19) e domingo (21) com 2 mil eleitores, intervalo de confiança de 95%, margem de erro de 2 pontos percentuais e está registrada no TSE sob o número BR-00244/2022.
Bolsonaro volta à sabatina no Jornal Nacional quatro anos depois de usar espaço para fake news
O presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, volta à bancada do Jornal Nacional na noite desta segunda-feira (22) para participar da sabatina com os postulantes à vaga no Palácio do Planalto.
Em 2018, na eleição em que saiu vencedor, Bolsonaro usou o espaço na TV Globo para relacionar o candidato Fernando Haddad (PT) com a distribuição de um suposto “kit gay” em escolas de todo o país. A falsidade da informação foi confirmada por uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que pediu a suspensão de links de sites e redes sociais com a expressão.
A decisão do ministro Carlos Horbach atendeu a um pedido do PT para barrar links que vinculam o livro Aparelho Sexual e Cia. a programas do Ministério da Educação enquanto Haddad estava à frente da pasta. Horbach escreveu que a informação equivocada “gera desinformação no período eleitoral, com prejuízo ao debate político, o que recomenda a remoção dos conteúdos com tal teor”.
O livro escrito por Zep (pseudônimo do autor suíço Philippe Chappuis) foi mostrado por Bolsonaro no Jornal Nacional. O episódio retoma acusações de 2011. Desde então, o fato tem circulado novamente nas redes sociais em diversos links e vídeos como prova da distribuição de um conteúdo didático que “incentiva a sexualidade precoce nas crianças”.
Em 2011, o Ministério da Educação financiou uma cartilha de orientação para professores chamada “Escola Sem Homofobia” que integrava o programa Brasil sem Homofobia, lançado em 2004. A versão impressa, no entanto, nunca foi distribuída por acusações da bancada evangélica e setores conservadores de que o material estimulava “o homossexualismo (sic) e a promiscuidade”.
Interrupções
As entrevistas realizadas pelo Jornal Nacional em 2018 provocaram calorosas manifestações nas redes sociais, como mobilizaram opiniões dentro da academia, entre especialistas da área do Jornalismo e da Comunicação Social. Um dos aspectos mais criticados foi a quantidade de interrupções feitas pelos apresentadores do jornal, William Bonner e Renata Vasconcellos, durante as respostas dos entrevistados.
Em 27 minutos de sabatina, que foi o tempo-padrão concedido a todos os concorrentes selecionados para entrevista ao vivo, Fernando Haddad (PT) sofreu 62 interrupções; Jair Bolsonaro (PSL), 36; e Ciro (PDT), 34. A contagem é da revista Fórum.
Em entrevista ao Brasil de Fato publicada durante as eleições de 2018, o professor Samuel Lima, do Observatório da Ética Jornalística (Objethos), da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), disse que a conduta dos apresentadores demonstra um distanciamento do interesse central do jornalismo, comprometendo o conceito de “entrevista”.
Lima destacou que as constantes interrupções colocam os apresentadores do JN num patamar diferente do que se espera de um jornalista. “O polo mais importante de uma entrevista não pode estar na figura do entrevistador ou da entrevistadora. Eles fugiram completamente do objetivo e o resultado, o conjunto da obra, é desastroso em [relação a] todas as candidaturas, independentemente da cor ideológica delas. Não se trata de entrevistas, mas de interrogatórios”, criticou.
Na ocasião, também chamou atenção no debate público, dentro e fora da internet, a discrepância entre as diferentes sabatinas no que se refere ao número de interrupções feitas. No caso do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) foram 62 manifestações dos apresentadores durante a fala do petista, enquanto Bolsonaro apenas 36.
Lima aponta que o número superior de interrupções de Haddad pode ter cunho político. “Foi uma tentativa de enquadramento, de linchamento público de alguém que eles consideram um adversário a ser batido, não um entrevistado, não alguém que tem conteúdos, informações importantes a transmitir pro público”, afirma.