Marcio Pochmann quer modernizar e tornar divulgações do IBGE mais democráticas

Economistas do ICL Deborah Magagna e André Campedelli criticaram viés negativo dado pela mídia de que o presidente do instituto quer modificar modelo da metodologia aplicada nas pesquisas feitas pela instituição.
21 de novembro de 2023

O presidente do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Marcio Pochmann, tem sido alvo de críticas desonestas desde que falou, em uma palestra para funcionários do instituto, que pretende modernizar a metodologia e a divulgação das pesquisas realizadas pela instituição, com o propósito de democratizar ainda mais o acesso aos dados.

Conforme informações do blog da jornalista Malu Gaspar, em O Globo, na ocasição, Pochmann teria dito que pretende alterar o modelo de divulgação de pesquisas. A medida ainda não oficializada, segundo o blog, tem provocado entre técnicos, funcionários e aposentados o temor de eventuais interferências no trabalho técnico e independente da instituição.

A fala teria ocorrido na cerimônia de posse do novo coordenador-geral do Centro de Documentação e Disseminação de Informações (CDDI), do IBGE, Daniel Castro. Na ocasião, Pochmann não detalhou que tipo de mudanças faria, mas sugeriu que pode acabar com o formato atual de divulgação dos dados.

A Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), o cálculo da inflação e as estimativas do PIB (Produto Interno Bruto) são disponibilizados à imprensa em entrevistas coletivas com técnicos e depois prontamente reproduzidos e contextualizados na mídia nacional e internacional.

“A comunicação do passado era aquela que (sic) o IBGE produzia as informações e os dados, fazia uma coletiva e transferia a responsabilidade para o grande público através dos meios de comunicação tradicional (sic). Isso ficou para trás”, disse o presidente do IBGE na ocasião.

Ainda segundo a jornalista, a declaração teria provocado apreensão especialmente porque Pochmann e Castro, o novo coordenador-geral do CDDI, também citaram as plataformas digitais e as redes sociais como prioridade, para chegar diretamente à “Dona Maria e o seu João” – embora os dados já sejam também divulgados pelo próprio IBGE em seus canais digitais.

Para economistas do ICL, ideia de Marcio Pochmann é benéfica no sentido de democratizar a informação para todos

Marcio Pochmann

Os economistas do ICL Deborah Magagna e André Campedelli

Desde que o nome de Marcio Pochmann começou a ser ventilado para assumir a presidência do instituto, a grande mídia começou a fazer enorme burburinho contrário à nomeação. A indicação dele foi uma escolha pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Para André Campedelli, economista do ICL (Instituto Conhecimento Liberta), o burburinho sempre acontece quando se trata de economistas ligados à Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), considerados mais progressistas em relação ao liberalismo da Faria Lima.

“A ideia dele é modernizar. Ele quer deixar a divulgação mais democrática, fazer novas metodologias, utilizar canais digitais para pequisa. Hoje é tudo ‘na mão'”, disse Campedelli, na edição do ICL Mercado e Investimentos de sexta-feira passada (17), programa diário transmitido via redes sociais. “Qualquer coisa que o Marcio Pochmann diz vira um grande problema, e em nenhum momento ele falou sobre alteração de dados. O que ele mencionou foram novas metodologias e não tem grande problema nisso”, complementou.

Na mesma linha, a também economista do ICL Deborah Magagna lembrou que a nomeação de Pochmann como presidente do IBGE “teve muito atrito” na mídia, que “bateu muito [nele] justamente por não ser um liberal no IBGE”. “[O que ele quer fazer] não é retrocesso, é modernização”, disse.

No blog de Malu Gaspar, ela menciona que, na palestra, Pochmann fez menção à China como referência na produção de estatísticas. Segundo a jornalista, na palestra Pochmann teria dito que “o IBGE foi construído olhando as melhores experiências que tínhamos no Ocidente: Inglaterra, Estados Unidos, França. Hoje, com o deslocamento do centro dinâmico do mundo para o Oriente, já não está perceptível (sic) as melhores soluções apenas no Ocidente. O Oriente também traz informações”.

E diz que o presidente do instituto menciona o “diálogo” que teve com o presidente do Instituto Nacional de Estatística da China em setembro. Em sua agenda consta que ele ficou oito dias no país asiático naquele mês, um mês depois de assumir a presidência do IBGE.

Para finalizar, o blog diz que ele está promovendo um ciclo de discussões internas sobre o que ele mesmo chama de “IBGE do futuro”, dentro das comemorações de 90 anos do instituto, em 2026.

Redação ICL Economia
Com informações de O Globo e do ICL Mercado e Investimentos

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