Após uma segunda-feira de nervosismo no pós discurso de Powell, mercados internacionais operam em alta nesta terça-feira (30)

Mercados já se ajustam às perspectivas de que as maiores economias do mundo devem aumentar suas taxas de juros para combater a escalada da inflação
30 de agosto de 2022

Os índices futuros de Nova York estão operando em alta na manhã desta terça-feira (30), assim como as bolsas europeias. Ontem (29), os mercados internacionais estavam estremecidos diante das declarações do presidente do Fed (Federal Reserve), Jerome Powell, na reunião de bancos centrais em Jackson Hole, na sexta-feira passada (26), de que deve manter o ritmo agressivo de alta de juros para controlar a inflação americana, ainda que isso cause certa dor às famílias e empresas americanas.

Além das declarações de Powell, o mercado trabalha na expectativa da divulgação de indicadores importantes na equação que define o rumo da política monetária americana. Hoje, será divulgado o índice de preços de casas FHFA para junho, a pesquisa de confiança do consumidor para agosto e dados da pesquisa de oferta de empregos (JOLTs) para julho.

Por sua vez, na Europa, os mercados também operam em alta após um início de semana negativo. Isso porque a fala de Powell reverberou na voz da membro do conselho do BCE (Banco Central Europeu), Isabel Schnabel, no fim de semana. Ela reafirmou a visão de que os bancos centrais devem agir agressivamente para combater a inflação em alta, mesmo que isso signifique arrastar suas economias para uma recessão.

Além disso, os preços do gás natural caíram mais de 18% após uma alta de quase 40% na semana passada, diante das declarações da Alemanha de que seus estoques de gás estão 85% cheios até o próximo mês.

Brasil

O Ibovespa iniciou a semana perto da estabilidade na segunda-feira (29), diante da cautela dos investidores após autoridades de grandes bancos centrais terem indicado manutenção de uma postura rígida em seu combate à inflação. O principal índice da bolsa brasileira teve alta de 0,02%, a 112.323 pontos.

Segundo analistas do mercado financeiro,  os investidores estão bastante receosos com a declaração na semana passada do presidente do Fed (Federal Reserve), Jerome Powell, em Jackson Hole, de que a economia norte-americana precisará de uma política monetária apertada “por algum tempo” antes que a inflação esteja sob controle. Na ocasião, Powell acrescentou que os custos “infelizes” para se reduzir a inflação incluem crescimento mais lento, mercado de trabalho mais fraco e “alguma dor” para famílias e empresas, mas alertou que “o histórico adverte fortemente contra o afrouxamento prematuro da política monetária”.

O dólar caiu 0,88% frente a moeda brasileira, cotado a R$ 5,033 na compra e na venda.

Europa

No mesmo ritmo do mercado americano, as bolsas europeias operam em alta nesta terça-feira após um início de semana negativo. Por lá, também reverberou o discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, de que o aperto monetário deve continuar, ainda que a economia americana tenha que sangrar um pouco. No fim de semana, a membro do conselho do BCE (Banco Central Europeu), Isabel Schnabel, fez declarações no mesmo tom, uma vez que países europeus também enfrentam um cenário de inflação alta.

FTSE 100 (Reino Unido), +42%
DAX (Alemanha), +1,27%
CAC 40 (França), +1,02%
FTSE MIB (Itália), +1,21%

Estados Unidos

Os índices futuros dos EUA operam em alta após duas quedas consecutivas. Se o tom do discurso de Powell trouxe muito nervosismo aos mercados ontem (29), hoje parece que eles se ajustaram às expectativas do que está por vir.

Além do presidente do Fed, outros dirigentes do banco central americano deixaram claro que a autoridade monetária pretende continuar seus aumentos de juros, mesmo que causem problemas econômicos.

Dow Jones Futuro (EUA), +0,65%
S&P 500 Futuro (EUA), +0,84%
Nasdaq Futuro (EUA), +1,15%

Ásia

Por sua vez, os mercados asiáticos fecharam mistos após forte quedas da sessão anterior, também como reflexo das declarações de Jerome Powell.

Investidores ainda estão digerindo a fala do presidente do BC americano, em que ele enfatizou a necessidade de juros altos mais por mais tempo para controlar a inflação.

Shanghai SE (China), -0,42%
Nikkei (Japão), +1,14%
Hang Seng Index (Hong Kong), -0,37%
Kospi (Coreia do Sul), +0,99%

Petróleo

As cotações do petróleo recuam nesta terça-feira, enquanto preocupações com a inflação global ofuscam a perspectiva de possíveis cortes na produção da Opep+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo mais a Rússia). Estados Unidos e Europa, por exemplo, estão com seus índices inflacionários em patamares não vistos há muitas décadas, o que pode indicar que o mundo caminha para uma recessão mundial, afetando, desse modo a demanda pela commodity.

Petróleo WTI, -1,56%, a US$ 95,50 o barril
Petróleo Brent, -1,96%, a US$ 103,03 o barril

Agenda

Na agenda de indicadores, destaque para os números do mercado de trabalho americano. Hoje (30), será divulgado o relatório JOLTS, de oferta de empregos. Amanhã (31), retorna a pesquisa ADP, sobre criação de vagas no setor privado. O consenso Refinitiv aponta para a abertura de 200 mil posições em junho.

Por aqui, no Brasil, no campo político, pesquisa Ipec indica que o xadrez eleitoral mexeu quase nada. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) continuam nos mesmos patamares de 15 dias atrás, com 44% e 32% das intenções de votos, respectivamente. No âmbito econômico, destaque para IGP-M de agosto, com consenso Refinitiv apontando para deflação de 0,54%. Também sai à tarde o resultado das contas do governo de julho.

Redação ICL Economia
Com informações das agências

 

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