Publicada MP que autoriza importação de arroz pela Conab; previsão é de compra de 1 milhão de toneladas

A compra ocorrerá por meio de leilões públicos e a preço de mercado. Os estoques serão destinados preferencialmente à venda para pequenos varejistas das regiões metropolitanas.
10 de maio de 2024

O governo federal publicou a MP (medida provisória) que autoriza a importação de arroz, em caráter excepcional, de até 1 milhão de toneladas do cereal pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) para a recomposição dos estoques públicos por conta das enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul. O estado responde por até 70% da produção do grão no país.

A MP 1.217/24 foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União de ontem (9) e vale para este ano. A medida autoriza a importação do arroz beneficiado (pronto para consumo) ou em casca.

A compra ocorrerá por meio de leilões públicos e a preço de mercado. Os estoques serão destinados preferencialmente à venda para pequenos varejistas das regiões metropolitanas, dispensados os leilões em bolsas de mercadorias ou licitação pública para venda direta.

A Conab é uma empresa estatal que tem como função auxiliar o governo federal na tomada de decisões sobre políticas agrícolas e garantir estoques com o objetivo de controlar os preços dos alimentos e, principalmente, garantir a segurança alimentar.

A estrutura da Conab sofreu um processo de desmonte a partir do governo de Michel Temer (2016-2018), situação que continuou durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). No governo Lula 3, a empresa está sendo reestruturada.

Importação de arroz: ministérios do Desenvolvimento Agrário e da Agricultura vão definir condições de compra e venda

Os ministérios do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, e da Agricultura vão definir, mediante proposta da Conab, a quantidade de arroz a ser adquirida e os limites e condições da venda do produto. A estatal também definirá as localidades de entrega do arroz.

Na última terça-feira (7), o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, disse que o arroz deve ser comprado de produtores do Mercosul. “É arroz pronto para consumo, já descascado, para não afetar a relação de produtores, cerealistas e atacadistas”, afirmou.

“[A liberação] não significa que se vai comprar 1 milhão de toneladas, porque, como eu disse, o Brasil é praticamente autossuficiente. Não queremos concorrer, abaixar o preço dos produtores, mas não podemos deixar também haver desabastecimento e subirem os preços nas gôndolas dos supermercados”, complementou.

O produto comprado será distribuído pelo governo para pequenos mercados, segundo o ministério.

Segundo reportagem do g1, a preocupação com a oferta do cereal existe por causa de seis fatores:

  • O Brasil consome internamente quase todo arroz que produz e 70% dele vem do RS.
  • A estimativa era de que, na safra atual, o país somasse 10,6 milhões de toneladas do cereal; com as enchentes no Sul, o montante pode cair para menos de 10 milhões.
  • Antes da chuva histórica, o mercado já previa problemas na oferta de arroz neste ano porque a temporada começou com os menores estoques do grão em quase duas décadas e o plantio no RS atrasou por causa das enchentes de 2023.
  • A expectativa era de que o RS contribuísse com 7,5 milhões de toneladas nesta safra, mas 800 mil toneladas podem estar agora debaixo d’água.
  • Antes da tragédia, 80% do arroz do estado já tinha sido colhido. Mas alguns silos onde a produção está armazenada também foram atingidos pelas enchentes.
  • Por fim, o estado está com problemas para transportar o arroz que já foi colhido após destruição de estradas.

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e do g1

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