Negociações salariais acima da inflação alcançam 45,7% em novembro, segundo balanço do Dieese

Mesmo assim, economistas do ICL reforçam que os dados anuais mostram que a situação do trabalhador brasileiro continua frágil
21 de dezembro de 2022

O Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) divulgou ontem (20) seu balanço das negociações salariais. A pesquisa do Dieese mostra que, devido à melhora da inflação nos últimos meses, o reajuste necessário para se obter um salário com ganho real reduziu consideravelmente, o que fez com que um maior número de negociações resultasse em reajuste acima da inflação quando comparado aos demais meses. Em novembro, 45,7% das negociações salariais resultaram em reajuste acima da inflação, ou seja, com ganho real de salário. Os dados foram compilados pelos economistas do ICL Deborah Magagna e André Campedelli, no “Economia Para Todos – Boletim Diário de Notícias Econômicas e Atualização do Mercado”.

De outro lado, 47,8% dos reajustes concedidos foram iguais à inflação passada, pelo menos sem perda de poder de compra, enquanto somente 6,5% das negociações resultaram em reajustes abaixo da inflação. Outros fatores que também auxiliaram a situação foi a queda do desemprego observada nos últimos meses e a melhor situação econômica, que aqueceu o mercado de trabalho neste fim de ano. Isso fez com que, pelo segundo mês consecutivo, ocorresse um aumento do salário real total. Mas é importante lembrar que, por um longo período, houve queda constante do salário real médio do trabalhador brasileiro.

Enquanto no mês de outubro houve aumento de 0,89% da média real do salário, em novembro, o percentual foi de 0,56% de média real. Mesmo assim, o reajuste ainda é pouco expressivo e não corrigiu a perda salarial observada pelo menos desde 2020.

A melhora tanto da renda quanto do sucesso nas negociações salariais em novembro só foi possível devido à queda no percentual do reajuste necessário para se manter o poder de compra do salário. A inflação de novembro de 2022 foi menor do que a registrada no mesmo período do ano anterior, o que fez com que o reajuste necessário saísse de 6,46% em outubro para 5,97% em novembro.

Com valores mais baixos, as negociações têm maior chance de serem reajustadas acima da inflação, uma vez que a necessidade de custo para aumentos salariais por parte das empresas passa a ser menor.

Com pior desempenho, na região Centro-Oeste apenas 12,9% das negociações salariais tem reajuste acima da inflação

negociações salariais

Gráfico das negociações salariais por região do país

Nos dados acumulados até novembro, a pior situação continuou com a região do Centro-Oeste, onde apenas 12,9% das negociações salariais resultaram em reajuste acima da inflação e 65,9% delas tiveram percentuais abaixo do indicador. Em seguida, ficou a região Nordeste, com apenas 17% dos reajustes acima da inflação, e 56,9% deles abaixo da inflação.

Na região Norte, 18,4% dos reajustes foram acima da inflação e outros 55,9% ficaram abaixo da inflação. Por sua vez, no Sudeste, 24,4% dos aumentos salariais concedidos ficaram acima da inflação e 41,1%, abaixo.

Os melhores resultados foram apontados na região Sul, onde 29,7% dos reajustes concedidos foram acima da inflação e 22%, abaixo do indicador.

Observando a questão por ramo de atividade econômica, o setor industrial continuou apresentando os melhores resultados, com 31,5% das negociações salariais resultando em reajuste acima da inflação e 30% delas gerando reajustes abaixo da inflação. Para o comércio, 22,7% dos reajustes foram acima da inflação, enquanto 26,7% dos reajustes ocorreram abaixo da inflação.

A pior situação continuou com o setor de serviços, no qual apenas 18,7% das negociações salariais resultaram em reajustes acima da inflação e 50,3%, em reajuste abaixo da inflação.

Novamente houve melhora no cenário das negociações salariais, decorrentes tanto de um mercado de trabalho mais aquecido quanto de uma necessidade menor de reajuste para se alcançar um aumento real de salário. Mesmo assim, os dados anuais mostram que a situação do trabalhador brasileiro continua frágil.

Somente a região Sul apresentou uma situação mais confortável para o trabalhador, com ganhos mais concentrados nas atividades industriais. Mesmo com a melhora dos últimos meses, o trabalho continua bastante precarizado no país.

Redação ICL Economia
Com informações do Economia Para Todos – Boletim Diário de Notícias Econômicas e Atualização do Mercado

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