O mundo foi pego de surpresa no fim de semana após o anúncio da Opep+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo mais aliados) de que vai reduzir a produção de petróleo em 1 milhão de barris por dia. O anúncio ocorreu depois que a Arábia Saudita e outros países terem declarado que vão diminuir a sua produção da commodity .
Com o anúncio surpresa, a Opep+ abandona as garantias anteriores de que manteria a produção de petróleo estável e joga incertezas sobre a economia global. Na avaliação de analistas, a redução pode desencadear mais pressões inflacionárias em um momento em que bancos centrais pelo mundo vêm adotando uma política monetária austera para controlar seus indicadores inflacionários, como Estados Unidos e zona do euro.
A decisão da Opep+ trouxe impactos aos mercados neste início de semana, afetando diretamente os os preços da commodity, que dispararam nos mercados da Ásia nesta manhã (3). O Brent era negociado a US$ 86, e o WTI, a US$ 81, valorizações superiores a 8%.
A Rússia, país-membro da Opep+, disse que cortará sua produção em 500 mil barris/dia até o fim do ano. Esse anúncio já havia sido feito antes, em março, em resposta às medidas dos países ocidentais de impor um teto de preço às exportações marítimas de petróleo russo, em razão da guerra na Ucrânia.
A iniciativa liderada pela Arábia Saudita é incomum, pois foi anunciada fora de uma reunião formal da Opep+. Os cortes voluntários dos membros da Opep+ começarão em maio e durarão até o fim de 2023, disse o comunicado feito pelos sauditas.
Corte na produção de petróleo pode reacender disputa entre sauditas e governo norte-americano
O anúncio da Opep+ reacendeu os temores de que possa reacender as disputas entre os governos saudita e dos Estados Unidos. No ano passado, o governo norte-americano pressionou os sauditas a bombearem mais petróleo para tentar domar a inflação desenfreada em meio ao aumento dos custos de energia.
Devido à crise bancária recente envolvendo instituições norte-americanas mais o Credit Suisse, a Opep+ já havia reduzido em parte a produção da commodity como medida preventiva a uma possível redução da demanda. Mas o anúncio surpresa do fim de semana joga agora mais gasolina na fogueira.
Em outubro passado, o governo estadunidense acusou a Arábia Saudita de efetivamente se aliar à Rússia, apesar da invasão da Ucrânia por Moscou e sua tentativa de criar uma crise energética cortando o fornecimento de gás para a Europa. Na ocasião, a Opep+ havia anunciado um corte formal de produção de 2 milhões de barris/dia.
Conforme publicado no jornal inglês Financial Times, fontes disseram que o governo saudita teria ficado irritado na semana passada com o governo de Joe Biden, por ter descartado publicamente novas compras de petróleo para reabastecer o estoque estratégico que foi esgotado no ano passado, quando a Casa Branca se esforçava para conter a inflação.
Segundo o jornal, a declaração da secretária de Energia, Jennifer Granholm, de que poderá levar “anos” para reabastecer a reserva, fez os preços do petróleo caírem brevemente. A Casa Branca já havia oferecido garantias à Arábia Saudita de que interviria para fazer compras para sua reserva estratégica se os preços recuassem.
“Não achamos que cortes sejam aconselháveis neste momento, devido à incerteza do mercado —e deixamos isso claro”, disse um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA ontem (02). “[Mas] continuaremos a trabalhar com todos os produtores para garantir que os mercados de energia apoiem o crescimento econômico e reduzam os preços para os consumidores americanos”, complementou.
Redação ICL Economia
Com informações do portal G1
Fonte: Financial Times