Para OPEP, baixa na demanda global por petróleo justifica política de elevação gradual de produção

O cenário acabou servindo como justificativa para a política da OPEP, que mais é uma tentativa de manter o preço do bem elevado no mercado internacional, do que um acompanhamento fiel da produção com a demanda estimada.
23 de maio de 2022

Devido à guerra entre Rússia e Ucrânia e à situação chinesa, que apresentou algumas notícias animadoras após anúncio de medidas de estímulo econômico nesta semana, a demanda global por petróleo foi revista. Sgundo o relatório de maio da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), a previsão é de baixa.

Assim, a política de elevação gradual da produção da commodity foi justificada pela instituição. De acordo com a OPEP, com um consumo menor de petróleo para este ano, a produção não precisa ser elevada tão rapidamente.

O cenário acabou servindo como justificativa para a política praticada pela OPEP, que é mais uma tentativa de manter o preço do bem elevado no mercado internacional, do que um acompanhamento fiel da produção com a demanda estimada.

Para OPEP, China não terá baixa na demanda

A estimativa de queda da demanda global por petróleo feita pela OPEP foi referente aos países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), não à China, que teve, inclusive, sua estimativa de demanda aumentada, mesmo com a atual situação vivida pela economia do país.

A demanda chinesa para o final de 2022 foi estimada em 15,24 milhões de barris de petróleo por dia, saindo de 15,57 milhões no primeiro trimestre para 15,83 milhões no último trimestre do ano. Para a OCDE, a estimativa foi de um total de 46,53 milhões de barris de petróleo por dia, saindo de 45,71 milhões no primeiro trimestre para 47,79 milhões no último de 2022.

A demanda global por petróleo foi estimada em 100,29 milhões de barris. A projeção tem se aproximado gradativamente dos patamares observados em 2019, ano anterior ao começo da pandemia.

Dessa forma, foi justificada pelos dados da própria instituição a estagnação da produção, com pequena alta do nível produzido mês a mês. O aprofundamento cada vez maior do conflito entre Rússia e Ucrânia deve afetar fortemente a demanda dos países da OCDE, o que faz com que a elevação da produção seja desnecessária, segundo os argumentos da OPEP.

Há três meses, não ocorre alteração significativa na demanda global por petróleo

O mês de abril apresentou uma produção de 28,65 milhões de barris de petróleo por dia, um aumento muito baixo em relação ao mês anterior, no qual a produção foi de 28,5 milhões de barris de petróleo diários. Há três meses não ocorre nenhuma alteração significativa na produção, que conta com um ritmo ainda mais reduzido do que se via anteriormente, que já era de uma baixa aceleração na produção da commodity.

O cenário trouxe uma redução, inclusive, da produção de petróleo em países que não são membros da OPEP. Antes era estimada uma produção de 66,26 milhões de barris de petróleo por dia até o final de 2022, 3 milhões acima do que era produzido em 2019, porém, agora a OPEP estima que serão produzidos 65,97 milhões de barris de petróleo por dia neste grupo de países.

A queda continua pressionando o preço do barril de petróleo no mundo, que só não se encontra ainda mais elevado devido às incertezas atuais sobre como a economia chinesa vai reagir após o final do lockdown em que se encontram atualmente cidades importantes do país.

Queda na demanda global por petróleo e cenário mundial fizeram com que o preço da commodity subisse

Para os economistas do ICL André Campedelli e Deborah Magagna, o cenário mundial conturbado e a queda de produção estimada e efetiva, no caso dos países membros da OPEP, fizeram com que ocorressem elevadas pressões no preço do barril de petróleo durante este mês. “Conforme dados preocupantes em relação à economia chinesa foram sendo revelados, o preço da commodity reagia com quedas, mas a grande tendência, em boa parte do mês, foi de elevação do preço do barril de petróleo”, afirmam.

O comportamento observado nas últimas semanas, com uma queda nos últimos dias, mas em tendência de alta em seguida, confirma o observado. “O relatório da OPEP em nada vai melhorar a situação, uma vez que é de interesse dos países membros que o preço continue elevado, ao mesmo tempo em que a oferta se mantenha baixa”, analisam os economistas.

Para eles, o preço do petróleo deve permanecer neste patamar, pelo menos no curto prazo. “A guerra entre Ucrânia e Rússia não parece ter um final próximo, além de que, em algum tempo, a economia chinesa deve retomar seu forte ritmo de crescimento com o final dos lockdowns em suas cidades. A OPEP não vai atuar para tentar mudar tal situação. Isso deve continuar pressionando o preço  dos combustíveis e energia por todo mundo, elevando a inflação, inclusive no Brasil.”

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