Nove países gastaram US$ 82,9 bilhões em armas nucleares em 2022. Líder da lista, EUA investiram US$ 43,7 bilhões em ogivas atômicas

Além dos EUA, China, Rússia, França, Reino Unido, Israel, Paquistão, Índia e Coreia do Norte são os países que despederam todos aqueles recursos em armamento nuclear. Dinheiro poderia ter bancado vacinação contra a Covid-19 de 2 bilhões de pessoas
12 de junho de 2023

Capitaneados pelos Estados Unidos, nove países têm investido cada vez mais em armas nucleares. Dados do novo relatório da Campanha Internacional para Abolir as Armas Nucleares (ICAN) mostram que, além dos EUA, China, Rússia, França, Reino Unido, Israel, Paquistão, Índia e Coreia do Norte gastaram US$ 82,9 bilhões em 12.500 armas nucleares em 2022, valor 3% maior do que em 2021. Foi o terceiro ano consecutivo de incremento nos investimentos dessas potências em ogivas atômicas.

Informações do colunista do UOL e comentarista do ICL Notícias Jamil Chade mostram que os nove países com bombas nucleares continuam a modernizar e expandir seus arsenais. Com isso, empresas obtiveram lucros bilionários e bancos ampliaram os empréstimos para o setor.

Segundo a coluna de Chade no UOL, o montante representa US$ 157.664 gastos por minuto em armas nucleares no ano passado. Para a entidade, os riscos são “significativos” e podem “colocar um fim à civilização tal qual a conhecemos”.

“Pela primeira vez em décadas, o público geral está sendo confrontado com a ameaça real de um ataque nuclear em 2022”, disse a entidade, referindo-se à guerra da Rússia contra a Ucrânia, que trouxe à tona o perigo do uso do armamento nuclear novamente.

A ICAN é uma coalizão de organizações de cerca de cem países que promove a adesão e a implementação do tratado de proibição de armas nucleares das Nações Unidas. Em 2017, ela venceu o prêmio Nobel. Mas, desde então, os investimentos apenas têm aumentado.

Dinheiro usado para comprar armas nucleares poderia ter bancado vacinação de 2 bi de pessoas contra a Covid-19 ou fornecido saneamento básico a 1,3 bi

Conforme os dados da entidade publicados pela coluna, os gastos com armamento nuclear realizados no ano passado teriam sido suficientes para bancar a vacinação de dois bilhões de pessoas contra a Covid-19 ou fornecido água potável e saneamento básico a 1,275 bilhão de pessoas por um ano.

Esse aumento foi impulsionado em grande medida pela ofensiva do lobby da indústria nuclear. Segundo a ICAN, as empresas de armamentos envolvidas na produção de armas nucleares receberam novos contratos no valor de US$ 16 bilhões em 2022.

No mesmo ano, elas gastaram US$ 113 milhões em lobby junto a governos apenas nos EUA e na França. “Globalmente, os países com armas nucleares têm contratos com empresas para a produção de armas nucleares no valor de pelo menos US$ 278,6 bilhões, continuando, em alguns casos, até 2040”, constata.

Mas não para por aí. Os fabricantes de armas nucleares e os países compradores delas também gastaram milhões financiando o trabalho de grupos de reflexão que, por sua vez, influenciam as políticas governamentais e as atitudes do público em relação às armas nucleares, ou seja, é um ciclo que se autossustenta.

Dividido por países, os Estados Unidos gastaram em 2022 US$ 43,7 bilhões, seguido por China (US$ 11,7 bilhões), Rússia (US$ 9,6 bilhões), Reino Unido (US$ 6,8 bilhões), França (US$ 5,6 bilhões), Índia (US$ 2,7 bilhões), Israel (US$ 1,2 bilhão), Paquistão (US$ 1 bilhão) e Coreia do Norte (US$ 589 milhões).

Os EUA, segundo dados da entidade, gastam mais que todos os demais países juntos. “Embora esse valor tenha sido um pouco menor do que em 2021, os EUA continuam gastando mais do que todos os outros países com armas nucleares juntos”, constatou a ICAN.

De acordo com o levantamento, a China gastou um quarto do total dos EUA, um aumento de pouco mais de 6%. A Rússia foi o terceiro maior gastador, o que representa um aumento de 5,74% em relação ao ano anterior.

Contudo, o país que mais aumentou seus gastos foi a Índia, com um aumento de 21,8%. O outro país que teve um aumento de dois dígitos foi o Reino Unido, com alta de mais de 11%.

Redação ICL Economia
Com informações do UOL

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