O aumento da taxa básica de Juro (Selic) vem causando, intencionalmente, uma maior dificuldade na hora de buscar o sonho da casa própria. Os bancos adotam a Selic como base para determinar todas as outras taxas de juros aplicadas, como, por exemplo, as usadas na hora de financiar um imóvel. Hoje, com a Selic em 12,75%, as taxas de crédito imobiliário encontradas são algo em torno de 10,9%.
Por conta do aumento do crédito imobiliário, segundo dados da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), divulgados nesta segunda-feira (23), os lançamentos de imóveis do programa Casa Verde e Amarela fecharam o primeiro trimestre de 2022 com queda de 25,6% na comparação com o mesmo período do ano passado.
Segundo a CBIC, o resultado foi puxado não diretamente pela taxa de juros, mas pelos reflexos dessa alta: falta de confiança dos empresários em investir no segmento e queda no poder aquisitivo das famílias, além dos custos da construção.
A Associação Nacional de Executivos de Finanças (Anefac) calculou que, em um empréstimo de R$ 300 mil para a compra da casa própria, uma variação da taxa de juros de 7% a 10% ao ano aumentaria o valor da primeira parcela em 27,5%. Já a renda mínima necessária para obter o crédito também aumentaria na mesma proporção, de R$ 8.431,90 para R$ 10.751,90.
A variação de 7% e 10% não foi escolhida a toa por Oliveira. Segundo uma pesquisa histórica, os bancos sempre trabalharam com uma base e um teto para suas taxas de juros. Em janeiro de 2021, quando a Selic estava em 2%, os bancos mantinham suas taxas de crédito imobiliário em 7%. Já entre 2015 e 2016, quando a Selic estava em 14,25%, os bancos cobravam 13,5%.
De acordo com a área de desenvolvimento de negócios imobiliários da FGV, a cada variação de 2,3% na Selic há um aumento de 1% no Custo Efetivo Total (CET) do financiamento da casa própria.
O CET representa o valor total pago ao final, a soma de todas as parcelas, levando em conta os juros, as taxas, encargos, seguros e tributos. Uma pequena variação de juros em um empréstimo imobiliário representa um grande volume de dinheiro devido aos longos prazos. Por conta disso, uma variação de 1% dos juros é capaz de excluir cerca de 1 milhão de famílias que teriam a renda mínima mensal necessária para comprometer com aquela parcela.
Lançamentos para a casa própria caem
Com o aumento da taxa Selic e elevação do custo do crédito imobiliário, os lançamentos de imóveis em geral recuaram 2,6% na mesma base de comparação, com cerca de 53 mil unidades lançadas no período.
A oferta final, formada pelas unidades que estão disponíveis para venda, em lançamento, construção ou prontas, cresceu 5,3% ante o primeiro trimestre de 2021, enquanto as vendas subiram 1,4%. Segundo a entidade, as empresas terão de repassar os aumentos nos custos ao preço de venda de novos imóveis.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias