Pesquisa Ipec: mesmo com o Auxílio Brasil, Lula sobe no eleitorado mais pobre e amplia a chance de vencer eleições no 1º turno

Para desespero da equipe da campanha de Bolsonaro, Lula subiu para 58% entre o eleitorado de menor renda e manteve os mesmos 55% entre aqueles que recebem algum tipo de benefício do governo federal
20 de setembro de 2022

A pesquisa Ipec divulgada ontem à noite (19) joga outro balde de água fria na campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição. Os dados mostram que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) oscilou 1 ponto percentual para cima, para 47%, enquanto Bolsonaro permanece com 31%, em uma demonstração de que todas as medidas eleitoreiras que o governo tomou meses antes das eleições não têm surtido o efeito esperado. Pior ainda para Bolsonaro, a pesquisa mostra, pela primeira vez, chance de vitória do petista no primeiro turno.

Nesta terça-feira (20), Bolsonaro discursa na abertura do debate-geral da 77ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York. Por tradição, o Brasil é o primeiro país a discursar na sessão de debates desde 1955. No fim de semana, o presidente esteve no funeral da rainha Elizabeth II, em Londres, ao lado da primeira-dama, Michelle, e do pastor Silas Malafaia. Antes, porém, Bolsonaro fez discurso a apoiadores da sacada da casa do embaixador do Brasil na capital inglesa. Além disso, deu uma entrevista ao SBT, na qual disse que, se não ganhar no primeiro turno, “algo de anormal aconteceu”. “Pelas minhas andanças pelo Brasil, em especial nos últimos dois meses, se nós não ganharmos no primeiro turno, algo de anormal aconteceu dentro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).”

Enquanto Bolsonaro esbraveja, joga cortina de fumaça indo ao funeral da rainha e faz discurso golpista, Lula, na última segunda-feira (19), obteve o apoio de oito ex-presidenciáveis, de espectros políticos tão distintos quando Luciana Genro (PSOL) e Henrique Meirelles (União), para tentar consolidar sua vitória no primeiro turno.

Lula tem 58% das intenções de voto entre eleitores com renda familiar de até um salário mínimo por mês

A pesquisa Ipec mostra que o Auxílio Brasil não bastou para fazer Bolsonaro bater Lula nessa parcela da população. Entre os eleitores que têm renda familiar de até um salário mínimo por mês, o petista passou de 55% para 58% desde o último levantamento, de 9 de setembro, enquanto o presidente caiu de 24% para 20%. Isso significa que nem com o auxílio, que começou a ser pago em 9 de agosto, Bolsonaro conseguiu conquistar o voto dos mais vulneráveis a todas as mazelas sociais em curso no país ao longo do governo dele.

Outro jato de água fria na campanha de Bolsonaro é que, entre os eleitores que recebem algum tipo de benefício do governo federal, Lula manteve os mesmos 55% de preferência, enquanto o chefe do Executivo oscilou um ponto para baixo, aparecendo com 25%.

Por outro lado, na parcela mais rica do eleitorado, com renda superior a cinco salários mensais, Bolsonaro aparece com 47% ante 43% na pesquisa anterior, enquanto Lula caiu de 35% para 32%.

Em suma, Lula subiu sete pontos percentuais entre os mais pobres, enquanto Bolsonaro movimentou-se para cima nos mesmos sete pontos percentuais entre os mais ricos.

No entanto, as margens de erro dos dois segmentos são diferentes entre si e maiores do que a da pesquisa como um todo, que é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. No último levantamento do Ipec, por exemplo, era de quatro pontos para a renda mais baixa, e de seis pontos para os mais ricos, que correspondem a uma fatia menor dos entrevistados.

Enquanto diverge entre pobres e ricos, pesquisa Ipec mostra estabilidade entre as faixas de rendas intermediárias

Por outro lado, as faixas de renda intermediárias apresentaram maior estabilidade nas intenções de votos. No grupo com renda familiar de um a dois salários mínimos, Lula oscilou de 49% para 51%, e Bolsonaro foi de 28% a 27%. A movimentação entre os que ganham de dois a cinco salários foi similar: o petista avançou um ponto (40% para 41%), e o presidente recuou dois (38% para 36%).

Em relação aos dados gerais da pesquisa, esta foi a segunda vez que Lula oscilou para cima após um período de estagnação em 44% entre agosto e o início de setembro. Quando se leva em conta apenas os votos válidos (sem brancos, nulos e indecisos), Lula teria 52% do total, se a eleição fosse hoje, segundo o Ipec, podendo alcançar de 54% a 50%, pela margem de erro de dois pontos percentuais.

Mas, segundo o Ipec, a estratégia do voto útil ainda não aconteceu, mas, se ocorrer nos próximos dias, pode confirmar Lula vitorioso no primeiro turno. Aliás, o ex-presidente tem centrado fogo no voto útil em suas redes sociais, apelando para a rejeição do presidente, que permanece alta. A estratégia da campanha do petista é persuadir os eleitores de Ciro Gomes e de Simone Tebet, que rejeitam Bolsonaro, para que votem em Lula já no 1º turno.

Pela pesquisa Ipec, essa estratégia ainda não deu resultado. Ciro Gomes (PDT), terceiro colocado, manteve seus 7%. A senadora Simone Tebet, do MDB, subiu mais um pouco desde a semana passada, chegando a 5%.

No entanto, a oscilação para cima de Lula não ocorreu sobre o eleitorado de outras candidaturas, mas sobre os 6% que respondiam “nulo ou branco” nas pesquisas anteriores. Agora, esse grupo corresponde a 5%.

O Ipec ouviu 3.008 eleitores de 16 anos ou mais entre os dias 17 e 18 de setembro. A margem de erro é estimada em dois pontos percentuais para mais ou menos, para um nível de confiança de 95%. O levantamento está registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o número BR-00073/2022. Esta é a quinta rodada da série de pesquisas contratada pela TV Globo, iniciada na metade de agosto.

Redação ICL Economia
Com informações das agências internacionais

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