Com um lucro líquido de R$ 124 bilhões em 2023, a Petrobras foi a quarta petroleira mais lucrativa do mundo no ano passado. Foi o segundo maior lucro da história da companhia, embora tenha sido quase 34% mais baixo que o montante recorde registrado em 2022 (R$ 188 bilhões).
Mas, mesmo com a queda no lucro no ano passado – ocasionado, principalmente, pelas oscilações do preço do petróleo no mercado internacional -, a Petrobras subiu uma posição na lista de petroleiras mais rentáveis do mundo.
No recorte de petroleiras estatais, a brasileira ficou em segundo lugar, atrás da saudita Saudi Aramco, que, por sua vez, ocupou a primeira colocação no ranking geral (privadas e estatais).
A maior petroleira do mundo reportou um lucro de US$ 121,3 bilhões em 2023, um montante mais de 3 vezes superior ao da segunda mais lucrativa, a norte-americana ExxonMobil (US$ 36 bilhões).
De acordo com reportagem do Poder 360, apesar de ter sido mais um ano em que as grandes petroleiras reportaram lucros, os rendimentos de 9 das 10 empresas que já divulgaram seus resultados consolidados de 2023 caíram ante 2022. Apenas a francesa TotalEnergies aumentou sua lucratividade em comparação ao ano anterior.
Essa redução nos lucros é explicada pela queda de 18% no preço do barril de petróleo no período e pelo aumento nos investimentos das petroleiras, principalmente na transição energética.
Apesar de ser a quarta empresa do setor com o maior lucro, a Petrobras reportou o segundo menor faturamento entre as grandes petroleiras analisadas.
A estatal brasileira registrou uma receita total de US$ 102,4 bilhões em 2023, volume superior apenas ao da espanhola Repsol que operou durante o ano passado com uma receita de US$ 67,3 bilhões.
No entanto, a Petrobras terminou o ano com a segundo maior margem de lucro sobre a receita. A estatal registrou margem de 24,3% em 2023 e novamente ficou atrás apenas da Saudi Aramco, que reportou uma margem de 24,5% no ano passado.
Alvo do noticiário enviesado da grande imprensa, Petrobras precisa da “mão pesada do Estado”, segundo André Roncaglia
Apesar de todos os números que demonstram a importância da Petrobras para o Brasil, a empresa entrou na mira do noticiário enviesado da grande imprensa e do mercado financeiro nos últimos dias devido à informação de que não pagaria dividendos extraordinários a acionistas para focar nos investimentos.
Em artigo escrito para o jornal Folha de S.Paulo, o economista André Roncaglia, professor de economia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e comentarista do ICL Notícias, ele defendeu que a “mão pesada do Estado” é o que mais a estatal precisa neste momento.
“A Petrobras está sob nova gestão e o mercado financeiro luta para manter sua ‘vaca leiteira’. A decisão do Conselho de Administração da empresa de reter lucros excedentes à regra de distribuição de dividendos não tem nada de voluntarista; ao contrário, busca resgatar a capacidade de planejamento da maior empresa do Brasil”, defende Roncaglia no início do artigo.
O economista classificou como “constrangedoras” as “piruetas retóricas de comentaristas na imprensa defendendo a primazia do acionista minoritário, como se fosse uma cláusula pétrea da governança corporativa”.
Segundo ele, “a governança corporativa focada no extrativismo de curto prazo [resultados trimestrais] fragilizou as economias de mercado ao encurtar o horizonte de planejamento das empresas”.
Diante da barulheira ocasionada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva realizou reunião com o CEO da Petrobras, Jean Paul Prates, e os ministros Rui Costa (Casa Civil), Fernando Haddad (Fazenda) e Alexandre Silveira (Minas e Energia), ficou decidido que a questão do pagamento dos dividendos extraordinários será analisada e vai virar assunto da Assembleia Geral da empresa, marcada para 25 de abril.
Contudo, Prates e Lula já deixaram claro que a companhia vai focar, nos próximos anos, em investimentos para a transição energética, uma necessidade do mundo em convulsão climática.
No artigo, Roncaglia aponta que “é inadiável que se reduza a distribuição de dividendos ordinários ao mínimo de 25% do lucro líquido (R$ 29,2 bilhões em 2023), estabelecido pela lei das S/As, em vez da atual regra de 45% do fluxo de caixa livre (R$ 72,4 bilhões em 2023)”, diante da necessidade desses investimentos.
E, em linha com o que defende o presidente Lula, Roncaglia diz que “os acionistas majoritários da Petrobras são os mais de 200 milhões de brasileiros e brasileiras e rejeitam a interferência política dos acionistas minoritários, fixados em seu retorno financeiro de curto prazo”.
Redação ICL Economia
Com informações do Poder 360 e Folha de S.Paulo