O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, anunciou um plano de investimento de US$ 100 bilhões (R$ 496 bilhões), com foco na exploração e produção de petróleo offshore. Em entrevista ao jornal inglês Financial Times, publicada na última quarta-feira (7), ele também disse que a petroleira vai ser uma das últimas produtoras de petróleo do mundo.
Na contramão das maiores petroleiras do mundo, que já têm projetos mais robustos na área de energia renovável, Prates deixa claro que a estatal brasileira persistirá no combustível fóssil, ao afirmar que não fará uma “transição louca”, embora investimentos em fontes energéticas mais amigas do planeta estejam no radar da empresa.
O executivo também abordou que pretende realizar nova onda de expansão internacional das operações da companhia, incluindo Europa, África Ocidental e Américas como parte de uma reformulação estratégica.
No Brasil, a estatal pretende tornar-se líder em energia eólica offshore, com o objetivo de se preparar para a transição mundial para energias renováveis.
“Queremos ter condições de estar lá no final do declínio do petróleo. E, para isso, precisamos ter novas fronteiras abertas ou pelo menos acessíveis”, disse Prates na semana passada em Nova York, onde se encontrou com investidores para discutir um novo plano estratégico de cinco anos.
“Precisamos manter o núcleo [do negócio] muito seguro. Não estamos fazendo uma transição louca”, completou.
Meta da Petrobras é ser novamente um grupo energético diversificado
Recentemente, Prates esteve ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para anunciar a retomada da expansão das obras da refinaria Abreu e Lima, orçada em US$ 17 bilhões em quatro anos.
Na refinaria localizada em Pernambuco, o objetivo da estatal é ampliar em até 40% a produção nacional de diesel. As obras de ampliação aumentarão em até 13 milhões de litros diários a produção de diesel S10 com baixo teor de enxofre.
Durante os governo de Michel Temer (2016-2018) e Jair Bolsonaro (2019-2022), a Petrobras passou por um processo de desinvestimentos, focando mais na exploração de petróleo e gás em águas profundas.
Sob o terceiro mandato do presidente Lula, a estatal quer novamente voltar a ser um grupo energético diversificado.
Desde o retorno do petista ao poder, a empresa aumentou seu orçamento de capital de cinco anos em 31%, com quase três quartos dedicados à exploração e produção.
Além disso, a empresa também planeja retornar a áreas das quais tentou sair, como petroquímica, energia renovável e fertilizantes, juntamente com investimentos aumentados em refino e biocombustíveis.
No exterior, a empresa também quer ampliar sua participação. No mês passado, a estatal deu o pontapé nessa estratégia ao adquirir direitos de exploração em três blocos de petróleo operados pela Shell em São Tomé e Príncipe, na costa oeste da África.
Com a mesma Shell e a China National Offshore Oil Corporation, a Petrobras fez parceria para garantir blocos de exploração no Brasil em dezembro.
No geral, a Petrobras planeja gastar US$ 7,5 bilhões (mais de R$ 37 bilhões) em exploração nos próximos cinco anos perfurando 50 poços, principalmente em águas brasileiras.
Produção da Petrobras cresce 2% no 4º trimestre de 2023
A Petrobras divulgou hoje (8), no Rio de Janeiro, os resultados operacionais do quarto trimestre de 2023. A produção média de óleo, líquido de gás natural (LGN) e gás natural chegou a 2,94 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boed), aumento de 2% em relação ao terceiro trimestre de 2023. No caso da produção própria de óleo no pré-sal, o volume foi de 1.937 milhões de boed, 3,5% a mais do que o período anterior.
Segundo a companhia, o resultado teve influência dos ramp-ups das plataformas P-71, no campo de Itapu, FPSO Almirante Barroso, no campo de Búzios e dos FPSOs Anna Nery e Anita Garibaldi, nos campos de Marlim e Voador. Outro fator foi a entrada de quatro novos poços de projetos complementares nas Bacias de Campos e Santos.
“O quarto trimestre de 2023 consolidou os bons resultados que alcançamos ao longo do ano. O ano de 2023 foi de muito trabalho, mas ao mesmo tempo de muitos êxitos e conquistas pela Petrobras. Recordes ocorreram em diversas áreas da companhia, do E&P ao Refino, coroando todo o esforço do nosso time. Estamos extremamente orgulhosos”, disse o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates.
A estatal registrou alguns recordes no quarto trimestre. A produção total foi de 4,05 milhões de boed por dia (recorde anterior era de 3,98 milhões de boed). A produção própria no pré-sal, que considera também gás natural, foi de 2,33 milhões de boed, (recorde anterior era de 2,25 milhões de boed). O Índice de Utilização do Gás Associado (IUGA) foi de 98% (recorde anterior era de 97,6%2).
Balanço anual
Com o fechamento do quarto trimestre, também foram divulgados os números da produção anual. O volume total de óleo e gás natural foi de 2,782 milhões de boed, 3,7% acima da produção em 2022. A companhia atingiu o recorde anual na produção operada, com média de 3,87 milhões de boed, 6,2% acima de 2022.
O fator de utilização total (FUT) do parque do refino foi de 92% em 2023, quatro pontos percentuais acima de 2022. A Petrobras aumentou a participação de diesel, gasolina e QAV em dois pontos percentuais, alcançando 68% da produção total. A produção total de derivados foi de 1.772 milhões de barris por dia (bpd) em 2023, 2% acima da produção de 2022.
Os óleos do pré-sal representaram 65% da carga processada no refino, o que é um novo recorde (o anterior era de 62% em 2022). As vendas de diesel S-10 representaram 62% das vendas totais de diesel, com uma comercialização de 463 mil bpd. Em relação à produção de diesel S-10, o volume em 2023 foi de 428 mil.
A Petrobras teve os melhores resultados das refinarias em Intensidade Energética (103,7 ou 3,8 pontos melhor que o resultado de 2022), e Intensidade de Emissão de Gases do Efeito Estufa (36,8 kgCO2eq/CWT, redução de 3% em relação a 2022). O que vai ao encontro do compromisso de reduzir a intensidade de carbono das operações da estatal.
Redação ICL Economia
Com informações da Agência Brasil, do Financial Times e da Folha de S.Paulo