O Conselho de Administração da Petrobras vai se reunir, nesta quinta-feira (23), para aprovar o novo plano de negócios da estatal para o quinquênio 2024-2028, com investimentos em torno de US$ 100 bilhões (R$ 490,7 bilhões) para as áreas de petróleo, gás, refino e fontes renováveis.
O volume de recursos será maior que o do plano de negócios em vigor atualmente, de US$ 78 bilhões (R$ 382,7 bilhões) para o período 2023/2027.
Ontem (22), o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, afirmou que o plano estratégico da companhia deve ser divulgado nesta sexta-feira (24). “Nós estamos trabalhando intensamente, todos os dias”, disse Prates na abertura do seminário “A neoindustrialização e a transição energética brasileira”, realizado no Rio de Janeiro.
Ele discursou ao lado do presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Aloizio Mercadante, e do presidente da mineradora Vale, Eduardo Bartolomeo.
Prates aproveitou o evento para destacar números recordes atingidos pela Petrobras este ano, como a produção de óleo e gás. “Quatro milhões de barris de óleo equivalente (boe) por dia. É um número muito significativo”. As produções de diesel S10 (com maior eficiência energética e menor impacto ambiental) e asfalto também foram recordes.
Na ocasição, Prates citou que conversou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na última terça-feira (21), e o presidente afirmou que a Petrobras tem que ser referência em transação energética.
“Vamos cumprir à risca o que o presidente determinar”, disse Prates. “Claro, dentro da composição toda de regras de governança, de satisfações à sociedade e de cumprimentos dos ritos”, completou.
Segundo informações do jornal O Globo, até agora o plano contempla a transição energética, como defende o presidente Lula, para os segmentos de energia solar, hidrogênio, eólica em terra e eólica offshore.
As fontes renováveis vão ter 7% dos investimentos, com aumento para até 15% do total ao longo dos próximos anos.
Além disso, o plano vai ter uma espécie de “banco de reserva” com opções para substituir eventuais cancelamentos ou adiamentos; o retorno da companhia ao segmento de fertilizantes; encomenda de novos navios; aposta em biocombustíveis, petroquímica e ampliação de refinarias; e busca de oportunidades no exterior.
Apresentação de plano da Petrobras acontece em meio a polêmica em torno dos preços dos combustíveis
Dias atrás, Jean Paul Prates participou de reunião com o presidente Lula e ministros, em Brasília. O encontro foi marcado depois de ele e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, terem publicado mensagens em redes sociais sobre o comportamento dos preços dos combustíveis.
“Fiz essa manifestação à Casa Civil. É importante, respeitando a governança da Petrobras, respeitando a sua natureza jurídica. Mas já está na hora de puxarmos a orelha de novo da Petrobras, para que ela volte à mesa e possa colocar com clareza”, escreveu Silveira no X (antigo Twitter) na sexta-feira passada (17), reproduzindo uma entrevista dele sobre o governo cobrar a Petrobras para uma redução nos preços.
No dia seguinte, na mesma rede social, Prates defendeu a política de preços da companhia e listou o que seria preciso para uma orientação de queda nos preços.
“Para que o MME possa orientar a petroleira a baixar os preços de combustíveis diretamente, será necessário seguir a Lei 13.303/16 e o Estatuto Social (art. 3º, parágrafo 4º e seguintes), os quais determinam que:
- A União deverá orientar formalmente a Petrobras por meio de um ato normativo (lei ou regulamento);
- Deverá firmar contrato, convênio ou outro ajuste estabelecendo as condições em que se dará, com ampla publicidade; os custos e receitas referentes a medida deverão ser discriminados e divulgados de forma transparente, inclusive no plano contábil;
- A proposta de orientação da União deverá ser submetida ao Comitê de Investimentos e ao Comitê de Minoritários, que avaliará se as condições a serem assumidas pela Petrobras requerem que a União compense a Petrobras pela diferença”.
Os ministros e o presidente Lula cobram de Prates a redução no preço de combustíveis e a aceleração no plano de negócios da encomenda de plataformas para incentivar a retomada de empregos em estaleiros no Brasil.
Mas, para o presidente Lula, mais importante que o preço dos combustíveis é o volume e a velocidade com que a Petrobras financiará grandes projetos.
O plano de negócios é decisivo para essa ambição de Lula e principalmente de Costa, que lidera o Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Publicamente, porém, Costa nega estar trabalhando para substituir Prates.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias, Agência Câmara e de O Globo