Petrobras vai seguir critérios competitivos para definição do preço do combustível, diz Jean Paul Prates. Proposta reduz de 100% para 15% a vinculação do preço a parâmetros internacionais

Para Jean Paul Prates, a Política de Paridade de Importação (PPI), adotada pela estatal desde 2016, que atrela o valor cobrado ao comportamento do petróleo e do dólar, parece ter virado “um dogma”
6 de março de 2023

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, pretende rever a política de preços da companhia, que deverá seguir critérios competitivos na definição de preço do petróleo. A proposta em discussão reduz de 100% para 15% a vinculação do preço a parâmetros internacionais. Os demais 85% seriam definidos a partir dos custos de produção da companhia. O debate está sendo travado no âmbito da nova administração, cujos nomes apontados pelo governo ainda não assumiram suas funções. Para alguns economistas e movimentos sociais, a Política de Paridade de Importação (PPI) é a principal causa dos aumentos dos preços da gasolina e diesel no Brasil. 

Segundo o executivo, a Política de Paridade de Importação (PPI), adotada pela estatal desde 2016, que atrela o valor cobrado ao comportamento do petróleo e do dólar, parece ter virado “um dogma”. Na avaliação de Jean Paul Prates, “abrasileirar o preço é natural”, afirmou em sua primeira entrevista coletiva após assumir o cargo.

Na opinião de Jean Paul Prates, a Política de Paridade de Importação (PPI) só garante ao concorrente uma posição mais confortável. “Pode ser uma política de preços transversal, de referência, conta de estabilização, monitoramento de estoques estratégicos.” Ele afirma que não existe bala de prata, que PPI é uma abstração.

O presidente da Petrobras explicou que parte do mercado é abastecido por meio da importação de combustível, feito pela estatal e também por concorrentes. Um dos argumentos da petroleira nos últimos anos e do mercado é que, quando a Petrobras pratica preços muito descolados do parâmetro internacional, isso funciona como um desincentivo ao importador, o que teria como consequência o risco de desabastecimento.

Jean Paul Prates afirma que o importador é competidor da estatal e obrigar a prática do preço do concorrente não faz sentido

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Crédito: Agência Brasil / Marcelo Camargo

Para o executivo, o preço deve ser definido de acordo com o produto e o segmento. Ele afirma que o importador é competidor da estatal e obrigar a prática do preço do concorrente não faz sentido. Também reforça que, em nenhum momento, foi dito que o preço iria se desregrar dos preços internacionais.

O presidente da Petrobras afirma que a empresa pode usar várias referências no sentido de captar mercado e mais clientes. Ele lembrou que o gás natural é usado por termelétricas, indústrias, carros e residências, e portanto, o preço não poderia ser o mesmo.

Jean Paul Prates comentou também a perspectiva de mudança nos dividendos. Nos últimos anos, os lucros compartilhados com acionistas passaram por uma escalada, até alcançar a cifra de R$ 215,8 bilhões em 2022. Somente no quarto trimestre, serão R$ 35,8 bilhões.
Mas, ao divulgar resultados, a empresa informou a proposta de reter R$ 6,5 bilhões em dividendos para criar uma “reserva estatutária”. Isso seria o equivalente a reter R$ 0,49 por ação. A empresa ressalta que este valor excede o previsto na regra de divisão de lucros com os acionistas.

Com a aprovação dos acionistas, Jean Paul Prates explicou que o objetivo é usar os recursos para investimento. A Petrobras prepararia um plano de negócios para apresentar na assembleia de acionistas. Caso os acionistas não aceitem a recomendação da companhia, estes recursos seriam repassados aos investidores em 27 de dezembro.
Prates afirmou que prepara mudanças na política de dividendos e defendeu maior flexibilidade, ressaltando que nem todas as companhias têm regras regras para distribuição de recursos acima do mínimo estipulado por lei.

Também falou que, em nenhum momento, o governo interveio na Petrobras. De acordo com Jean Paul Prates, tudo está sendo conversado, como ocorre com qualquer acionista controlador.

Ainda afirmou que a Petrobras não vai se desfazer de ativos por decisões governamentais e que, quando houver oportunidades a perseguir no Brasil ou no exterior, a empresa levará esses planos adiante. Segundo ele, a decisão não será tomada “por um imperador ou uma pessoa só”, mas o conselho e a diretoria. Os nomes dos novos diretores devem ser apreciados na próxima reunião do Conselho de Administração no fim do mês.

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias

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