Após passar por um processo de desinvestimentos nos últimos anos e focar basicamente na produção de petróleo, a Petrobras voltou a diversificar a sua carteira de projetos em diversas regiões do Brasil, tirando o foco do Sudeste, em um compasso afinado com a estratégia do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para estimular investimentos e gerar empregos.
Aliás, a estatal brasileira tem uma das maiores fatias de investimentos do Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), uma das principais vitrines do governo Lula. O subeixo do programa que trata de petróleo e gás tem um investimento previsto de R$ 335,1 bilhões. A maior fatia, no entanto, ficará com o Minha Casa, Minha Vida, com recursos que vão chegar R$ 345,4 bilhões.
Na lista de projetos da Petrobras, estão a ampliação de uma refinaria no Nordeste, a retomada das fábricas de fertilizantes no Sul e no Centro-Oeste e a construção de navios.
Em novembro, a direção da companhia anunciou seu Plano Estratégico, para o quinquênio 2024-2028, que prevê investimentos da ordem de US$ 102 bilhões. O volume de recursos é 31% maior em relação ao previsto no plano quinquenal anterior (US$ 78 bilhões).
Embora parte do plano esteja focada em projetos de transição energética, a empresa vai continuar investindo em petróleo. A estatal projeta um aumento de mais de 13% na produção da commodity em cinco anos.
A petroleira projeta elevar a produção de petróleo e gás para 3,2 milhões de barris de óleo equivalente ao dia (boed) em 2028, alta de mais de 14% ante os 2,8 milhões boed projetados para 2024.
Das regiões contempladas com projetos no Plano Estratégico, o estado do Rio de Janeiro lidera a lista, com US$ 64,64 bilhões, seguido de São Paulo (com US$ 6,35 bilhões) e Espírito Santo (US$ 3,65 bilhões).
Segundo dados da Petrobras, considerando-se Minas Gerais, com US$ 670 milhões, o Sudeste responde, sozinho, por 83% do total, seguido de Nordeste (com quase 8%), Norte e Sul (1,8% cada) e Centro-Oeste (menos de 1%), além de investimentos em locais ainda não definidos.
No entanto, essa configuração deve mudar em breve
Tendência é que novos estados aumentem participação em projetos da Petrobras
Novos estados devem ser contemplados com projetos da Petrobras, principalmente os da região Nordeste.
Além das futuras plantas de energia renovável naquela região, que ainda não foram anunciadas, há a conclusão dos 20% restantes da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados 3, em Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul.
Segundo reportagem do jornal O Globo, a licitação da unidade de fertilizantes deve ser feita no segundo semestre de 2024. As obras estão paradas desde 2014, na esteira da crise gerada pela Operação Lava-Jato.
Especialistas ouvidos pela reportagem dizem que esse movimento já era esperado, pois, em sua campanha, o presidente Lula defendia a Petrobras como indutora de crescimento econômico do país.
O cientista político Ricardo Ismael, professor do Departamento de Ciências Sociais da PUC-RJ (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro) pontuou que, o atual governo, por questões fiscais, tem uma capacidade baixa de investimento público e, por isso, deve sse valer das estatais como indutoras do crescimento econômico. “Eu diria que vamos repetir o modelo anterior dos governos do PT e do Lula, de ter a Petrobras para alavancar obras que são importantes, muitas delas ligadas ao PAC. O próprio sucesso do PAC depende desse plano de negócios da Petrobras”, disse.
A Transpetro, subsidiária da Petrobras, já fez uma consulta técnica com estaleiros de todo o país e chegou a uma lista com 16 pré-qualificados. As empresas habilitadas devem ser divulgadas nas próximas semanas, segundo a reportagem. A promessa, segundo fontes ouvidas por O Globo, é entregar o primeiro navio até 2026.
Na área de refino, o principal projeto é a ampliação, a partir de 2025, da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, que o governo anterior tentou vender. A estimativa é que as obras gerem 10 mil empregos.
Além disso, a Petrobras quer voltar a operar a refinaria de Mataripe, na Bahia, recomprando parte das ações hoje nas mãos do Mubadala, o fundo soberano dos Emirados Árabes Unidos.
Na área de fertilizantes, a estatal prevê ainda a retomada da unidade da Ansa. E a companhia busca uma solução para as duas Fábricas de Fertilizantes Nitrogenados (Fafens), na Bahia e em Sergipe, que foram arrendadas à Unigel.
Das regiões, o Nordeste ainda deve ganhar mais investimentos da estatal assim que for definido o destino dos U$ 5,2 bilhões que estão reservados para os projetos de energia solar e eólica offshore. Para esta última, a estatal tem projetos em Rio Grande do Norte, Ceará e Maranhão.
Redação ICL Economia
Com informações de O Globo