A atual política de preços de paridade de importação (PPI) foi um dos temas da conversa entre o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, e o presidente Lula, em Brasília, na quarta-feira (10). A principal preocupação é a sucessiva alta da gasolina nos postos de abastecimento, que afeta fortemente a inflação oficial medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O governo já divulgou, anteriormente, que vai mudar a política de preços da Petrobras. Só aguarda, com cautela, o melhor momento para o anúncio.
O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, anunciou mudanças nas políticas de preços e distribuição de dividendos da estatal. “A Petrobras terá preço menor, sem desgarrar do mercado externo”, afirmou ele, em entrevista ao jornal O Globo. Segundo o presidente da estatal, a nova estratégia comercial da empresa vai adotar preços de combustíveis distintos de acordo com cada região e cliente, mas sem se desgarrar do mercado internacional.
“Outro desafio que a gente tem é harmonizar melhor o perfil de investidor da Petrobras. A Petrobras é uma empresa segura, um transatlântico. Se quiser uma lanchinha rápida, pega ações de uma startup de garagem, investe e vai lá para o oceano. Se vier uma onda maior, você pode perder tudo”, acrescenta Jean Paul Prates. “Se quiser um transatlântico, ele é mais devagar, se move mais lentamente, mas vai entregar lá no outro lado. O investidor que procura segurança é conservador e aceita rentabilidade menor. Achei um erro vender os gasodutos, a BR é outro erro crasso. Não tem outra congênere que fez o que a Petrobras fez: vender a empresa que interage diretamente com seus consumidores”, pontua, criticando a venda da BR Distribuidora.
A queda do petróleo no mercado internacional e a temporada de férias nos Estados Unidos que está se aproximando, podendo elevar o preço da gasolina, há 73 dias sem reajuste no Brasil, levaram o governo a pedir cautela em relação à divulgação de nova política de preços da Petrobras, de acordo com a reportagem publicada no jornal O Estado de S Paulo.
Em relação aos preços, Prates também defendeu cautela durante a entrevista. “Isso tem que ser feito com sabedoria e calma. Na campanha, o presidente Lula falou em abrasileirar o preço. Falei várias vezes que a gente tem que se libertar do dogma do PPI. Não faz sentido brigar tanto pela autossuficiência, ser até exportador, brigar pela autossuficiência em refino e dizer “agora o preço aqui é o de Roterdã mais o frete”, afirmou.
Segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), o preço do litro da gasolina nas refinarias da Petrobras estava 13% mais alto do que o preço internacional no fechamento de quinta-feira. Desde o final de abril, o preço do combustível nas refinarias da empresa vem aumentando a defasagem positiva em relação ao Golfo do México, usado como parâmetro de preços pelos importadores.
Momento é de observação do mercado internacional antes do anúncio de nova política de preços
A diferença chegou a atingir 21% no final da semana passada, refletindo o recuo do preço do petróleo e uma demanda mais fraca do que o esperado. Geralmente, a estatal reajusta o preço dos seus combustíveis quando a defasagem atinge dois dígitos, para cima ou para baixo.
De acordo com cálculos da Abicom, a Petrobras poderia reduzir o preço da gasolina em R$ 0,35 o litro para atingir a paridade com o mercado internacional. Na Refinaria de Mataripe, na Bahia, controlada pela Acelen, os reajustes são semanais nos seus produtos, o que faz a alta em relação ao preço externo ser de apenas 1%. Na última quarta-feira, a Acelen reduziu o preço da gasolina em R$ 0,0067 o litro.
No caso do diesel, a defasagem positiva nas refinarias da Petrobras é de 7%, abrindo espaço para queda de R$ 0,23, segundo a Abicom. Já na refinaria baiana, o diesel está mais barato no mercado interno, com defasagem negativa de 2%.
O gás de cozinha, cujo preço se mantém em patamar alto e tem impacto na camada mais pobre da população, está com o preço 50,5% maior no Brasil do que no exterior, segundo levantamento do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie). O combustível está há 155 dias sem reajuste, ainda de acordo com a consultoria, e a expectativa é de que o preço também seja reduzido pela Petrobras nos próximos dias.
De acordo com o Cbie, a Petrobras poderia reduzir o preço do Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) em R$ 1,07, o que pouco impactaria no preço ao consumidor, principalmente levando em conta que o último reajuste para baixo feito pela companhia não foi repassado na ponta.
No último levantamento feito pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o preço do gás de cozinha (GLP 13kg) subiu 0,5%, para R$ 108,13 na semana de 30 de abril a 6 de maio.
Redação ICL Economia
Com informações do jornal O Estado de S Paulo e do O Globo