Jean Paul Prates diz que política de preços da Petrobras vai mudar, mas defende cautela

Diante de alta do preço da gasolina no mercado local, em relação ao preço internacional, governo quer cautela antes da divulgação de uma nova política de preços pela Petrobras
12 de maio de 2023

A atual política de preços de paridade de importação (PPI) foi um dos temas da conversa entre o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, e o presidente Lula, em Brasília, na quarta-feira (10). A principal preocupação é a sucessiva alta da gasolina nos postos de abastecimento, que afeta fortemente a inflação oficial medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O governo já divulgou, anteriormente, que vai mudar a política de preços da Petrobras. Só aguarda, com cautela, o melhor momento para o anúncio. 

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, anunciou mudanças nas políticas de preços e distribuição de dividendos da estatal. “A Petrobras terá preço menor, sem desgarrar do mercado externo”, afirmou ele, em entrevista ao jornal O Globo. Segundo o presidente da estatal, a nova estratégia comercial da empresa vai adotar preços de combustíveis distintos de acordo com cada região e cliente, mas sem se desgarrar do mercado internacional.

“Outro desafio que a gente tem é harmonizar melhor o perfil de investidor da Petrobras. A Petrobras é uma empresa segura, um transatlântico. Se quiser uma lanchinha rápida, pega ações de uma startup de garagem, investe e vai lá para o oceano. Se vier uma onda maior, você pode perder tudo”, acrescenta Jean Paul Prates. “Se quiser um transatlântico, ele é mais devagar, se move mais lentamente, mas vai entregar lá no outro lado. O investidor que procura segurança é conservador e aceita rentabilidade menor. Achei um erro vender os gasodutos, a BR é outro erro crasso. Não tem outra congênere que fez o que a Petrobras fez: vender a empresa que interage diretamente com seus consumidores”, pontua, criticando a venda da BR Distribuidora.

A queda do petróleo no mercado internacional e a temporada de férias nos Estados Unidos que está se aproximando, podendo elevar o preço da gasolina, há 73 dias sem reajuste no Brasil, levaram o governo a pedir cautela em relação à divulgação de nova política de preços da Petrobras, de acordo com a reportagem publicada no jornal O Estado de S Paulo. 

Em relação aos preços, Prates também defendeu cautela durante a entrevista. “Isso tem que ser feito com sabedoria e calma. Na campanha, o presidente Lula falou em abrasileirar o preço. Falei várias vezes que a gente tem que se libertar do dogma do PPI. Não faz sentido brigar tanto pela autossuficiência, ser até exportador, brigar pela autossuficiência em refino e dizer “agora o preço aqui é o de Roterdã mais o frete”, afirmou.

Segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), o preço do litro da gasolina nas refinarias da Petrobras estava 13% mais alto do que o preço internacional no fechamento de quinta-feira. Desde o final de abril, o preço do combustível nas refinarias da empresa vem aumentando a defasagem positiva em relação ao Golfo do México, usado como parâmetro de preços pelos importadores.

Momento é de observação do mercado internacional antes do anúncio de nova política de preços

política de preços, Lula; combustíveis, preços competitivos, preço da gasolina, formação de preço, redução do ICMS, Jean Paul Prates, gasolina e etanol, alíquota do IVA, perdas do ICMS, redução do ICMS, reunião com governadores, litro da gasolina, aumento de preço, vendas no varejo, desoneração dos combustíveis, redução do ICMS, menos poluente, pec dos combustíveis, alíquota de ICMS, ICMS sobre combustíveis, uso político da petrobras, icms da gasolina, icms único do diesel, litro da gasolina, Petrobras, ipca de julho, diesel

Crédito: Agência Brasil / Marcelo Camargo

A diferença chegou a atingir 21% no final da semana passada, refletindo o recuo do preço do petróleo e uma demanda mais fraca do que o esperado. Geralmente, a estatal reajusta o preço dos seus combustíveis quando a defasagem atinge dois dígitos, para cima ou para baixo.

De acordo com cálculos da Abicom, a Petrobras poderia reduzir o preço da gasolina em R$ 0,35 o litro para atingir a paridade com o mercado internacional. Na Refinaria de Mataripe, na Bahia, controlada pela Acelen, os reajustes são semanais nos seus produtos, o que faz a alta em relação ao preço externo ser de apenas 1%. Na última quarta-feira, a Acelen reduziu o preço da gasolina em R$ 0,0067 o litro.

No caso do diesel, a defasagem positiva nas refinarias da Petrobras é de 7%, abrindo espaço para queda de R$ 0,23, segundo a Abicom. Já na refinaria baiana, o diesel está mais barato no mercado interno, com defasagem negativa de 2%.

O gás de cozinha, cujo preço se mantém em patamar alto e tem impacto na camada mais pobre da população, está com o preço 50,5% maior no Brasil do que no exterior, segundo levantamento do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie). O combustível está há 155 dias sem reajuste, ainda de acordo com a consultoria, e a expectativa é de que o preço também seja reduzido pela Petrobras nos próximos dias.

De acordo com o Cbie, a Petrobras poderia reduzir o preço do Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) em R$ 1,07, o que pouco impactaria no preço ao consumidor, principalmente levando em conta que o último reajuste para baixo feito pela companhia não foi repassado na ponta.

No último levantamento feito pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o preço do gás de cozinha (GLP 13kg) subiu 0,5%, para R$ 108,13 na semana de 30 de abril a 6 de maio.

Redação ICL Economia
Com informações do jornal O Estado de S Paulo e do O Globo

Continue lendo

Assine nossa newsletter
Receba gratuitamente os principais destaques e indicadores da economia e do mercado financeiro.