Preço do botijão de gás compromete até 13% do salário mínimo

Paulo Guedes prometeu diminuir o preço do gás pela metade em 2019, no entanto, de lá para cá, o valor já acumula alta de mais de 60%
3 de junho de 2022

O preço do botijão de gás de cozinha de 13 quilos, que custa em média R$ 112,70 no país, podendo chegar até a R$ 160 em alguns municípios, compromete em até 13,2% a renda mensal das pessoas que recebem um salário mínimo – R$ R$ 1.212.

Duas pesquisas recentes apontam esses números referente ao preço do botijão de gás. Nesta terça-feira (2), o UOL divulgou levantamento que usou como base os dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), que faz pesquisas semanais de preços dos combustíveis desde 2001, e do histórico de valores do salário mínimo mantido pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).

Na compilação das informações, em maio, o  preço do botijão de gás  mais caro do Brasil foi encontrado pela ANP na cidade de Caçador (SC), a R$ 160. Com isso, este preço equivale a 13,2% do salário mínimo e é o maior patamar atingido em 16 anos, desde 2006, quando o valor mais alto do botijão correspondia a 15% do salário mínimo da época (R$ 300).

Mulheres e negros sofrem mais com preço do botijão de gás

Outro estudo feito pelo Instituto Polis na cidade de São Paulo (SP) aponta que o gasto com o botijão de gás de cozinha compromete em até 11% a renda das famílias mais pobres do município. As famílias mais afetadas com o gasto são aquelas lideradas por mulheres com renda de até um salário mínimo e de regiões onde a percentagem da população negra é maior que a média municipal (37%).

Danielle Klintowitz, coordenadora-geral do Instituto Pólis, explica que “a fonte de energia mais importante para a alimentação de famílias em domicílios urbanos é, desproporcionalmente, mais onerosa para a população em situação de maior vulnerabilidade”.

De acordo com a pesquisa, o custo do botijão não varia de acordo com o padrão de renda da população, embora os maiores preços estejam concentrados em áreas de maior poder aquisitivo — chegando a custar, em média, R$ 132,50 —; nos dois quintos mais pobres da cidade de São Paulo o preço médio do gás de cozinha é de R$ 122,56.

Custo do botijão de gás poderia ser de R$ 60

Caso o governo Bolsonaro mudasse a política de Preço de Paridade de Importação (PPI) praticada pela Petrobras o botijão de gás poderia custar R$ 60. A afirmação é do engenheiro da estatal, Fernando Siqueira. Em recente debate promovido pelo site Outras Palavras, ele explicou que, no caso do GLP (gás de cozinha), anteriormente a Petrobras ficava com 32% do valor.

Os impostos correspondiam a 18% e a parte do revendedor era de 50%. “Aí eles [governo e Petrobras] mexeram, reduziram a participação da distribuidora de 50% para 38%, altíssimo ainda, e na Petrobras, que era 32%, passou para 48%, 49%. A Petrobras absorveu a imoralidade”, criticou. “Se fossem cobrados preços corretos, o botijão poderia estar na faixa de R$ 60 e ainda daria muito lucro para todo mundo.”

Em 2019, o ministro da Economia, Paulo Guedes, prometeu diminuir o preço do gás de cozinha pela metade. No entanto, desde 2019, o preço do botijão já acumula alta de mais de 60%. Nos últimos doze meses,  acumula alta média no país de 32,34%, (de abril do ano passado a abril deste ano), de acordo com a última pesquisa da ANP.

O economista do Observatório Social da Petrobras Eric Gil Dantas explica que “entre os anos de 2013 e 2016, de acordo com dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a população consumia mais GLP do que lenha. Mas, a partir de 2017, a lenha voltou a ser mais utilizada do que o gás de cozinha nas residências do país. E, em 2020, esse consumo já era 7% maior do que o de GLP”.

Redação ICL Economia
Com informações do UOL e demais agências

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