Prêmio Nobel de Economia diz que taxas de juros no Brasil são “chocantes” e equivalem a “pena de morte”

O economista  Joseph Stiglitz afirma que os juros altos não combatem as causas atuais da inflação no mundo e que taxa no nível de 13,75% ou de 8%, em termos reais, é capaz de "matar" uma economia como a brasileira
21 de março de 2023

O economista Joseph Stiglitz, vencedor do Prêmio Nobel de Economia em 2001, também professor da Universidade de Columbia (EUA), criticou o patamar da taxa básica de juros no Brasil, a Selic, que está em 13,75% ao ano, durante sua participação no seminário no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) no Rio de Janeiro. No evento, ainda afirmou que os juros altos não combatem as causas atuais da inflação no mundo. “A taxa de juros de vocês [do Brasil] é, de fato, chocante. Uma taxa de 13,75%, ou 8% real, é o tipo de taxa de juros que vai matar qualquer economia. É impressionante que o Brasil tenha sobrevivido a isso, que seria uma pena de morte”, disse.

É a segunda vez que o Prêmio Nobel critica publicamente a taxa de juro praticada no Brasil e de outros bancos centrais.

As manifestações seguem a linha adotada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que, em diversas ocasiões, tem dito que não há nenhuma justificativa para que a taxa de juros esteja em 13,75%. Lula considera uma vergonha o elevado percentual e a explicação dada para a sociedade sobre a alta taxa de juros.

O mesmo painel do Prêmio Nobel ainda contou com a participação, por vídeo, do professor James Galbraith, da Lyndon B. Johnson School of Public Affairs. Ele também questionou os juros do país, como uma política que transfere renda dos mais pobres para os mais ricos. “É preciso pensar em uma alternativa para as políticas, porque as atuais falharam”, disse. O painel foi mediado pelo economista André Lara Resende, um dos mentores do Plano Real. Ao abrir o debate, Lara Resende também fez uma crítica aos juros altos.

O evento no BNDES discutiu questões de política fiscal e monetária às vésperas da nova reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), do BC (Banco Central). A programação foi organizada em parceria com a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e o Cebri (Centro Brasileiro de Relações Internacionais).

Prêmio Nobel de Economia explicou, durante o evento no BNDES, que o Brasil precisa de mais investimento público e privado

Joseph Stiglitz explicou, durante o evento, que é necessário para o Brasil mais investimento público e privado para ajustar o preço após a pandemia e do aumento de custo dos suprimentos relacionados à guerra. E a taxa de juro alta impede esses investimentos. Ainda elogiou a atuação do BNDES pela taxa praticada porque o Brasil precisa de ambos os tipos de crescimento, tanto público quanto privado.

Já o professor James Galbraith afirmou que o Brasil está hoje em situação mais confortável do que Estados Unidos e Europa, que sentem os efeitos da crise bancária iniciada com a quebra do SVB (Sillicon Valley Bank), que arrastou consigo o Credit Suisse. E a crise agora está se espalhando para a Europa, que já convive com altos custos de energia.

O segundo dia do seminário “Estratégias de Desenvolvimento Sustentável para o Século XXI”,  realizado pelo BNDES, para promover  debate sobre questões como políticas públicas para superação de crise no mundo, acontece  hoje,  21 de março, e pode ser acompanhado pelo youtube.


Redação ICL Economia
Com informações  da Folha de S. Paulo e das agências de notícias

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