As instituições financeiras elevaram de 10,3% (agosto) para 10,6% (setembro) a projeção de crescimento para a carteira de crédito em 2024, segundo a Pesquisa de Economia Bancária e Expectativas da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), divulgada ontem (7).
Apesar do novo ciclo de aperto monetário devido à alta de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros, a Selic, para 10,75% ao ano este mês, o levantamento também captou uma pequena melhora na projeção para a alta do crédito em 2025, cuja expectativa para a carteira total subiu de 8,9% para 9,1%. A revisão foi observada tanto na carteira com recursos livres (de 8,6% para 8,9%), como na de recursos direcionados (de 9,6% para 10,3%).
O levantamento, realizado com 20 bancos entre entre 24 e 30 de setembro, atribui a melhora aos seguintes fatores:
- Aumento da renda das famílias;
- Índices de inadimplência mais contidos; e
- Queda dos juros praticados.
Segundo o levantamento, a revisão positiva foi puxada pela carteira com recursos livres, mais sensível às condições da economia. A expansão esperada para a carteira subiu para 9,9% ante 9,5% na pesquisa anterior, com mudanças tanto para as empresas (+8,2% ante +7,4%), como para as famílias (+11,3% ante +11,0%).
O levantamento da Febraban é realizado a cada 45 dias, logo após a divulgação da ata da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) e mostra a estimativa dos bancos para o comportamento de diversas variáveis da economia ao longo deste e do próximo ano.
A pesquisa mostra ainda que houve leve recuo na projeção de crescimento da carteira com recursos direcionados, de 12,1% para 11,9%. A oscilação foi puxada pelo crédito destinado às empresas (+12,1% ante +12,6%), em meio às indicações de que os programas criados para o auxílio ao Rio Grande do Sul têm tido um desempenho abaixo do esperado. Já a expectativa de expansão do crédito direcionado destinado às famílias permaneceu com alta de 11,6%.
“A pesquisa voltou a captar um sentimento positivo em relação ao mercado de crédito, cujas expectativas voltaram a se elevar, diante de um nível de atividade surpreendente, mesmo agora com um novo ciclo de aperto monetário”, observou Rubens Sardenberg, diretor de Economia, Regulação Prudencial e Riscos da Febraban. “A sensação é que, se a elevação dos juros não for tão forte e ficar dentro das expectativas, é possível que o efeito sobre o mercado de crédito em 2025 não seja tão intenso, provocando apenas uma desaceleração marginal”, complementou.
Carteira de crédito: pesquisa mostra que taxa de inadimplência deve recuar em 2024 e 2025
De acordo com a pesquisa, a taxa de inadimplência da carteira livre deverá recuar ligeiramente em 2024 e 2025. Em 2024, a expectativa seguiu em 4,4%, um pouco abaixo do observado em agosto, segundo o Banco Central (4,5%). Para 2025, a expectativa é de continuidade de melhora do indicador, mas de forma mais modesta, atingido 4,3%.
A pesquisa da Febraban também aponta que:
Selic: Mais da metade (55,0%) dos participantes avaliou como adequada a decisão do Copom de elevar a taxa Selic em 0,25 ponto percentual. Os demais fizeram ressalvas em relação ao comunicado (30% entendem que deveria sinalizar uma alta de 0,50 ponto percentual na próxima reunião) ou discordaram da decisão em si (15% não viam necessidade de alta nos juros). Embora todos concordem que o colegiado acertou ao não se comprometer com suas próximas decisões, para 50%, o Copom deveria adotar um tom mais assertivo, deixando mais explícito como pretende conduzir o atual ciclo de aperto monetário. Assim, a expectativa para a taxa Selic se elevou ante as pesquisas anteriores. Agora, a mediana para a Selic atinge 11,75% ao ano no fim de 2024 e sobe até 12% ao ano no início de 2025, onde permaneceria ao menos até o 2º trimestre.
Câmbio: A expectativa para a taxa de câmbio seguiu em alta, mas com perspectiva de alguma apreciação ao longo do período avaliado, atingindo R$ 5,30 no segundo trimestre de 2025.
Atividade: Com relação à atividade econômica, a maioria (65,0%) dos participantes espera que a expansão do PIB (Produto Interno Bruto) em 2024 fique em torno de 3,0%, em linha com o atual consenso do mercado. Entre os demais, 25% projetam um crescimento superior a 3%; enquanto apenas 10% apostam em uma alta inferior.
Inflação: A maioria dos analistas consultados (60%) também entende que as projeções do mercado para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) deste ano estão bem calibradas. Contudo, neste caso, os demais se dividem em grupos iguais (20%) entre os que esperam uma inflação acima ou abaixo do consenso.
EUA: Em relação à condução da política monetária pelo Fed (Federal Reserve, o banco central estadunidense), a maioria dos participantes (60%) espera mais dois cortes de 0,25 ponto percentual (0,5 ponto percentual no total) até o fim do ano, num ritmo mais moderado do que o adotado em sua reunião anterior (corte de 0,5 ponto percentual).
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Redação ICL Economia
Com informações da Febraban