Queda no preço dos combustíveis é menos sentida por população de baixa renda

A queda no preço dos combustíveis, que novamente foi o principal fator deflacionário no mês de setembro, foi muito mais sentida pelas pessoas com renda mais elevada, o que explica a menor deflação apresentada entre as pessoas com renda mais baixa neste mês
19 de outubro de 2022

O IPEA apresentou o seu estudo mensal que mostra o impacto inflacionário por estrato de renda, com dados expressivos do preço dos combustíveis. No mês de setembro, as pessoas que pertencem à faixa de renda muito baixa foram as que menos sentiram a deflação registrada, com exceção da faixa de renda muito alta, que, devido a uma situação muito peculiar, o aumento do preço da passagem aérea ocorrido em setembro, apresentou inflação. As demais faixas apresentaram comportamentos semelhantes.

A de menor renda teve o menor impacto deflacionário, com impacto negativo de 0,21%, enquanto para aquelas de renda baixa foi de 0,31%. Para a renda baixa média foi de 0,34%, para a renda média foi de 0,35% e para a renda média alta foi de 0,25%.

De acordo com os economistas do ICL, André Campedelli e Deborah Magagna, a queda no preço dos combustíveis, que novamente foi o principal fator deflacionário no mês, foi muito mais sentida pelas pessoas com renda mais elevada, o que explica a menor deflação apresentada entre as pessoas com renda mais baixa neste mês.

“No acumulado anual, as faixas de renda médias continuam tendo menor impacto quando comparadas aos extremos das faixas de renda. Isso é explicado pelo baixo peso que a inflação dos combustíveis tem para as pessoas com renda muito baixa e devido ao grande peso que alguns itens considerados de luxo, como o preço da passagem aérea, tem na faixa de renda mais elevada”, explicam os economistas.

Mais pobres são mais prejudicados com preço dos combustíveis

Enquanto para as pessoas com renda muito baixa o impacto inflacionário no ano foi de 4,72% e para as pessoas com renda alta foi de 4,79%, para as pessoas com renda baixa ficou em 4,37%. Para as com renda baixa média ficou em 3,83%, com renda média em 3,86% e com renda média alta em 3,85%. O desenho é semelhante para o acumulado em 12 meses, com impacto de 7,62% para a renda muito baixa, de 7,24% para a renda baixa, de 6,9% para a renda baixa média, de 6,99% para a renda média, de 6,87% para a renda média alta e de 8,01% para a renda alta.

A queda no preço dos alimentos, dessa vez, teve grande impacto entre as faixas mais baixas de renda, com um impacto deflacionário de 0,18% no mês para as pessoas com renda muito baixa, e de somente 0,01% para as pessoas com renda alta. Ao mesmo tempo, o grupo transportes, no qual se encontram os combustíveis, teve impacto maior conforme a renda foi aumentando, com exceção novamente para a renda alta, devido ao impacto do aumento do preço da passagem aérea, o que fez, inclusive, a faixa ter um impacto deflacionário semelhante ao da renda muito baixa, de 0,25%. Para as pessoas com renda média a deflação registrada no grupo transportes foi de 0,51% e para as pessoas com renda média alta foi de 0,5%.

No acumulado em 12 meses, os alimentos continuaram sendo aqueles que mais impactaram a
população de menor renda, contribuindo com 3,36% para a população de renda muito baixa, enquanto impactou apenas 1,56% a população de renda alta. Ao mesmo tempo, o impacto dos transportes, no qual os combustíveis estão alojados, para a população com renda muito baixa o impacto foi de somente 0,2% enquanto para a população com renda alta foi de 2,13%. Isso ajuda a explicar o fato da deflação dos últimos meses serem mais sentidas para as populações com renda mais elevada, justamente por serem mais sensíveis a variação do preço dos combustíveis.

“Com a queda no preço dos combustíveis e um impacto menor do preço dos alimentos, a inflação teve uma deflação generalizada entre todos os bens. Porém, uma vez que foram os combustíveis que lideraram o processo deflacionário, o impacto foi sendo sentido por pessoas com menor renda. Isso mostra que, o impacto inflacionário acabou sendo mais contundente na busca para tentar reduzir a inflação mais sensível à classe média, enquanto para as pessoas com renda mais baixa, pouco se fez para reduzir a inflação. Somente houve melhora para essa faixa de renda devido à queda do preço internacional dos alimentos, ou seja, sem influência alguma do governo federal”, concluem Campedelli e Magagna.

Redação ICL Economia

Com informações do Boletim Economia Para Todos Investidor Mestre

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