A rede Americanas protocolou ontem (20), na Justiça do Rio de Janeiro, seu plano de recuperação judicial. A empresa declarou ter R$ 42 bilhões em dívidas. O plano inclui aporte de R$ 10 bilhões da 3G, dos bilionários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, que são acionistas de referência da empresa. Porém, esse aporte ainda está sendo discutido com os bancos credores.
O escândalo envolvendo a Americanas veio à tona em janeiro, quando inconsistências contábeis, no valor de R$ 20 bilhões, vieram à tona. Depois, descobriu-se que o tamanho do buraco era maior e a empresa entrou com pedido de recuperação judicial.
Reportagem do jornal O Estado de S.Paulo mostra também que, no documento entregue à Justiça, a Americanas alega ter de R$ 2 bilhões a R$ 3 bilhões a receber pela venda do Hortifruti, de sua participação na Uni.co (dona das marcas Imaginarium e Puket) e por um jatinho.
Caso seja aprovado, o plano dará à Americanas R$ 5,8 bilhões de dívida bruta em seu balanço, com a relação dívida líquida sobre o Ebitda de 2,5 vezes.
Ao Estadão, o novo CEO da companhia, Leonardo Coelho, disse que, “para toda essa mecânica funcionar, é preciso dinheiro novo. A quantidade de dinheiro novo impacta o tamanho do recovery (redução da dívida) de todos os credores. Esse é um dos principais pontos de discussão”, disse.
No entanto, ele salientou que esse não deve ser o plano final. “Ele [o plano] já tem muito do que foi discutido com os credores financeiros e fornecedores até agora. A conversa está equilibrada embora ainda não haja aceite das partes”, afirmou.
O plano ainda inclui opções de pagamentos a fornecedores, em prazos distintos e com garantias como contrapartida, e a bancos credores. Em relação aos grandes bancos, é oferecida até mesmo a opção de converter a dívida em participação na empresa. Mas, como dito, tudo isso ainda precisa ser negociado.
A expectativa de Coelho é que o plano seja aprovado até o terceiro trimestre. A primeira assembleia de credores para avaliar o assunto acontecerá em junho.
Enquanto busca a recuperação judicial, o trio de bilionários emprestou R$ 2 bilhões para a empresa, os quais seriam descontados dos R$ 10 bilhões de aporte. Do total emprestado, foi sacado R$ 1 bilhão, o que tem ajudado a empresa manter as operações no dia a dia.
Se nada disso funcionar, não está descartado o fechamento de operações.
Administradores judiciais da rede Americanas entregam relatório final sobre a varejista
Ainda ontem à noite, os administradores judiciais da Americanas, o escritório Zveiter e o advogado Bruno Rezende, entregaram à 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro o relatório final sobre a varejista. De acordo com a coluna de Lauro Jardim, de O Globo, São 461 páginas “de análises e considerações” e mais 85 cadernos de documentos, num total de 38 mil papéis.
Agora, os administradores farão uma versão pública do relatório e outra “sigilosa”, sendo esta última em relação ao sigilo imposto a alguns documentos por decisão judicial.
O colunista também publicou informação de que pelo menos dois ex-diretores rede varejista depuseram no âmbito do inquérito aberto pela PF (Polícia Federal) sobre o rombo bilionário da empresa.
Conforme informações apuradas pela coluna, eles se mantiveram calados por todo o tempo que durou o depoimento.
Redação ICL Economia
Com informações de O Estado de S.Paulo e O Globo