A renda média domiciliar per capita na regiões metropolitanas em 10 anos não seguiu o aumento da população ocupada e atingiu seu menor valor da série histórica iniciada em 2012. O valor foi de R$ 1.378 no último trimestre de 2021, medido pelo estudo produzido em parceria por pesquisadores da PUC-RS, do Observatório das Metrópoles e da Rede de Observatórios da Dívida Social na América Latina (RedODSAL), a partir dos dados da PNAD Contínua trimestral, do IBGE. Os dados foram divulgados antecipadamente pelo G1, nesta quinta-feira (7).
Segundo a apuração, a renda média domiciliar per capita ao final do ano de 2021 ainda era 10,2% menor do que o patamar pré-pandemia. No primeiro trimestre de 2020, estava em R$ 1.535 em termos reais. Na máxima da série histórica, chegou a R$ 1.568.
As regiões metropolitanas que apresentaram as rendas médias mais baixas no quarto trimestre de 2021 foram as situadas no Norte e Nordeste: Grande São Luís (R$ 739,93), Manaus (R$ 824,94) e Recife (R$ 831,66). Os valores mais altos foram no Distrito Federal (R$ 2.022,91), Florianópolis (R$ 1.895,68) e São Paulo (R$ 1.679,80).
Diferentemente do observado em um primeiro momento da pandemia, quando a queda da renda média foi puxada pelo tombo dos rendimentos dos mais pobres e dependentes do trabalho informal, a piora nos últimos trimestres tem sido pressionada principalmente pelo impacto da inflação entre aqueles que ganham mais.
De acordo com o estudo, a média entre os 10% mais ricos caiu de R$ 6.917 para R$ 6.424 em um ano. Entre os 40% mais pobres, teve uma leve alta de R$ 195 no final de 2020, para R$ 239 no final 2021.
Para os mais pobres, isso não significa nenhum alívio, visto que, no início da pandemia, os 40% mais pobres chegaram a perder quase um terço (32%) da renda proveniente do trabalho, enquanto que o rendimento médio dos 10% mais ricos recuou apenas 2,5%.
Desigualdade
O coeficiente de Gini – que varia de 0 até 1, sendo mais alto quanto maior for a desigualdade – está distante da melhor marca, de 0,566 do final de 2014. O valor, no último trimestre de 2021, recuou para 0,602 na média das regiões metropolitanos, o mesmo registrado no 1º trimestre de 2020.
O aumento da pobreza e da desigualdade no país é reflexo da estagnação econômica e da desorientação da política econômica do atual governo, que privilegia os lucros do capital financeiro em detrimento de medidas para geração de empregos e renda.
Redação ICL Economia
Com informações do G1