A rentabilidade dos bancos bateu recorde em 2021. O chamado retorno sobre o patrimônio líquido do sistema bancário nacional alcançou 15,1% em dezembro do ano passado, contra 11,5% no fechamento de 2020, quando caiu por conta dos efeitos da pandemia. As informações foram divulgadas pelo Banco Central nesta terça-feira (9) por meio do Relatório de Estabilidade Financeira do primeiro semestre. Em meados do ano passado, a rentabilidade dos bancos já havia retornado ao patamar pré-pandemia. Enquanto isso, o Brasil bate recorde em número de endividados devido à elevação da taxa de juro.
O aumento da rentabilidade dos bancos foi registrado em um ano de crescimento dos empréstimos bancários e de alta na taxa básica de juros pelo Banco Central, na tentativa de conter as pressões inflacionárias. A taxa Selic avançou de 2% ao ano, em janeiro de 2021, para 9,25% ao ano no fechamento do ano passado.
O juro bancário médio de pessoas físicas e empresas, por sua vez, registrou em 2021 a maior alta em 6 anos, ao atingir 33,9% ao ano. Essa taxa não considera os setores habitacional, rural e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
De acordo com o relatório do BC, o lucro líquido dos bancos somou R$ 132 bilhões e bateu novo recorde no ano passado. A série histórica do Banco Central para este indicador começa em 1994.
De acordo com o Banco Central, o crescimento da taxa de juros e a redução das despesas com provisões (recursos que ficam apartados para fazer frente a eventuais perdas), além de ganhos de eficiência, explicam a melhora dos resultados.
“A rentabilidade do sistema deve se manter resiliente, mas os lucros tendem a crescer em ritmo mais lento. O cenário para 2022 é de atividade econômica mais fraca, menor crescimento do crédito, normalização da inadimplência de custo de captação e operacional mais altos”, avaliou o BC.
O Banco Central também avaliou que suas análises indicam que “não há risco relevante para a estabilidade financeira” no Brasil. “Testes de estresse de capital demonstram que o sistema bancário está preparado para enfrentar todos os choques macroeconômicos simulados. O sistema financeiro nacional mantém provisões adequadas ao nível de perdas esperadas com crédito, e capitalização e liquidez confortáveis”, acrescentou.
Aumento da rentabilidade dos bancos mostra que apenas uma parcela do País está ganhando com a combinação de juros elevados, alta inflação, elevado desemprego e péssima situação do poder de compra da população
O economista do ICL André Campedelli explica que a elevada rentabilidade do setor bancário mostra que cada vez mais o Brasil é o “paraíso do rentismo”. Para ele, em uma situação em que todos os setores da economia estão bem, é natural imaginar que o setor bancário também esteja na mesma tendência. “Mas, em um momento em que a economia passa por diversas dificuldades, isso mostra que apenas uma parcela do país está ganhando com a combinação de juros elevados, alta inflação, elevado desemprego e péssima situação do poder de compra da população”, afirma o economista.
Segundo o BC, o desempenho dos bancos está em linha com a recuperação do Produto Interno Bruto (PIB), que, no último trimestre de 2021, situava-se acima do nível pré-pandemia. “O sistema bancário mantém-se sólido e apto a sustentar o regular funcionamento da economia”, acrescentou a instituição.
Para o Banco Central, a queda na capacidade de pagamentos por parte das empresas e pessoas físicas não representa um risco à estabilidade financeira pois a grande maioria dos bancos está bem capitalizada.
O fato é que a dívida do brasileiro fica maior com o aumento da taxa Selic. A alta taxa de juro básica só favorece o capital especulativo, principalmente neste momento de turbulência internacional.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias