Reservas internacionais do Brasil atingem patamar mais baixo da última década

Qude recente das reservas internacionais pode ter relação com a volatilidade da moeda brasileira e a atuação do Banco Central para controlar a desvalorização do real diante do dólar norte-americano
20 de outubro de 2022

As reservas internacionais do Brasil estão no patamar mais baixo em mais de 11 anos, segundo dados do Banco Central (BC). O colchão de dólares do país, entre o fim de agosto e início de outubro, na casa dos US$ 326 bilhões, é praticamente o mesmo registrado em abril de 2011. Entre 9 de setembro e 10 de outubro, foi registrado recuo de quase US$ 12 bilhões. Diversos estudos mostram que o patamar brasileiro é confortável, mas essa diminuição tão rápida nos últimos dias é um ponto de alerta por chegar a um nível que não era visto há mais de uma década.

No primeiro semestre de 2022, quando ocorreu entrada de dólares no País, o economista  André Campedelli, do Boletim Economia Para Todos Investidor Mestre, já havia alertado que o dinheiro que estava entrando era investimento de curto prazo, ou seja, assim como entra rápido, também pode sair rápido do país e ir buscar rentabilidade em outros lugares.

As perdas recentes podem ter relação com a volatilidade da moeda brasileira e a atuação do Banco Central para controlar a desvalorização do real diante do dólar norte-americano, segundo especialistas consultados pelo G1.

As reservas internacionais funcionam como uma espécie de “seguro” do país para fazer frente às suas obrigações no exterior e a choques externos, como crises cambiais — caracterizadas pela desvalorização acentuada da moeda local. As reservas são distribuídas entre títulos (tipo de investimento feito a partir da compra de papéis de dívida de uma entidade emissora, que se compromete a devolver o valor com juros), depósitos em moedas, ouro, entre outros formatos.

Quedas recentes das reservas internacionais ajudaram a puxar o resultado de 2022 para o negativo

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Crédito: Envato

Apesar da alta no meio do ano, as quedas recentes ajudaram a puxar o resultado de 2022 para o negativo. No ano, o montante passou de US$ 361,4 bilhões, em 3 de janeiro, para os atuais US$ 326,2 bilhões, em 10 de outubro, uma perda nominal de US$ 35,1 bilhões – ou 9,7% no período.

Se comparado com o maior nível nominal da história, registrado em 2019, a queda é ainda maior, de US$ 64,2 bilhões. O montante foi reduzido de US$ 390,5 bilhões, no dia 25 de junho daquele ano, para US$ 326,2 bilhões, em 10 de outubro de 2022, um recuo de 16%.
O cenário é diferente quando voltamos mais 30 dias. Entre 8 de julho e 8 de agosto, o país registrou aumento de US$ 3,5 bilhões nas reservas cambiais.

Na avaliação analistas consultados pelo G1, o cenário global atual — de aumento nas taxas juros pelas grandes economias — tem gerado impactos diretos sobre as reservas brasileiras.
Isso porque as reservas são formadas a partir da entrada de moeda estrangeira no país. Nesse contexto, a alta taxa de juros de economias como a dos Estados Unidos e de países da Europa se torna um entrave: são muito mais atrativas para os investidores quando comparadas ao Brasil.

O motivo é que são economias consolidadas, com riscos muito menores do que a brasileira, que acaba atraindo menos investidores, mesmo que nosso país tenha a maior taxa de juros real do planeta.

Segundo o último relatório de Gestão das Reservas Internacionais do Banco Central, as reservas brasileiras encerraram 2021 distribuídas em dólar norte-americano (80,34%), euro , renminbi China (4,99%), libra esterlina Reino Unido (3,47%), ouro: (2,25%), iene Japão (1,93%), dólar canadense (1,01%), dólar australiano (0,97%).

Já os tipos de investimentos da reserva brasileira se distribuem em títulos governamentais (89,26%), depósitos em bancos centrais e em organismos supranacionais (3,61%), títulos de agências (1,64%), ETFs de índices de ações (1,13%), títulos de organismos supranacionais (0,63%), depósitos em bancos comerciais (0,47%), ETFs de Corporates Investment Grade (0,44%), ouro (2,25%), outras classes de ativos, como títulos de governos locais (0,58%).

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias

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