O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o vice-presidente, Geraldo Alckmin, também ministro da Indústria e Comércio Exterior, realizaram, nesta sexta-feira (6), a primeira reunião ministerial do governo. Na ocasião, Lula reforçou aos 37 ministros o caráter de frente ampla de seu mandato, ao dizer que “nós não somos um governo de pensamento único, de filosofia única, de apenas pessoas iguais. Somos um governo de pessoas diferentes”. O petista também abordou a importância de o Executivo manter uma boa relação com o Congresso Nacional e, também, mandou alguns recados.
Um dos recados de Lula foi endereçado ao agronegócio. O petista disse, em seu discurso de abertura, esperar que o setor aja com responsabilidade pois, assim, “será muito respeitado pelo governo”. “Aqueles que quiserem teimar e continuar desrespeitando a lei, invadindo o que não pode ser invadido, usando agrotóxico que não pode ser usado, a força da lei imperará sobre eles e nós vamos exigir que a lei seja cumprida. Porque, neste país tudo vale, a única coisa que não vale é o cidadão bandido achar que pode desrespeitar a boa vontade da sociedade brasileira, a nossa Constituição e a nossa legislação”, afirmou Lula.
Outro recado foi aos próprios ministros: “Quem fizer errado, a pessoa será simplesmente, da forma mais educada, convidada a deixar o governo”. Se o erro for grave, o implicado deverá enfrentar a justiça, segundo disse.
Durante quase uma hora, o presidente falou aos ministros sobre as expectativas criadas em torno do desempenho do novo governo, em especial a relação com o Senado e a Câmara dos Deputados. “Nós temos que saber que nós é que precisamos manter uma boa relação com o Congresso Nacional, e cada um de vocês, ministros, tem a obrigação de manter a mais harmônica relação com o Congresso Nacional.”
Na reunião, Lula também enfatizou o compromisso da campanha com a volta do crescimento, da geração de emprego e aumento do salário mínimo. “É possível fazer a economia voltar a crescer com responsabilidade, com distribuição de renda e riqueza, e gerar emprego que garanta ao trabalhador um pouco de seguridade social.”
A ministros de áreas fortemente sucateadas pelo governo de Jair Bolsonaro, Lula falou diretamente. Ele falou a Camilo Santana, da Educação, mencionando a necessidade de retomar 4 mil obras paralisadas de escolas públicas e também mencionou o desejo de “dar um salto de qualidade no ensino fundamental e ensino básico”. “Temos que exportar conhecimento, deixar de ser um país em desenvolvimento e passar a ser um país desenvolvido.” Também disse que o povo “precisa de cultura” e que há carência de escolas, saúde, lazer e esporte. “Está faltando quase tudo.”
Sobre a relação com o Congresso, Lula disse que não faz “distinção e não quero criminalizar a política” e pediu que os ministros atendam bem os políticos: “precisamos manter boa relação com o Congresso Nacional”.
“Vou fazer a mais importante relação com o Congresso. Fazer tantas quantas conversas forem necessárias. Não tem veto ideológico para conversar”, acrescentou. Segundo ele, não são os presidentes das duas casas do Congresso, Arthur Lira (da Câmara) ou Rodrigo Pacheco (Senado), que precisam do governo, mas o contrário.
Após reunião ministerial, Rui Costa diz que caso Daniela Carneiro não foi mencionado. Presidente pediu ações prioritárias a ministros
Com apenas uma semana de governo, Daniela Carneiro (UB), ministra do Turismo, enfrenta a primeira turbulência da Esplanada dos Ministérios, por sua relação com o ex-PM Juracy Alves Prudêncio, o Jura, condenado por homicídio e apontado como chefe de uma milícia na Baixada Fluminense, com que ela aparece em fotos durante a campanha eleitoral de 2022. O assunto, segundo Rui Costa, ministro-chefe da Casa Civil, não foi mencionado na reunião.
Entre as deliberações, segundo ele, está um levantamento de obras e ações prioritárias que possam ter entregas ao longo das próximas semanas e meses, além de agendas com a presença do presidente.
“O presidente da República encerrou a reunião falando do seu otimismo e a determinação de, nos próximos dias, ele já fazer agenda nos estados, fazendo entregas, ações concretas de cada pasta. Já a partir da terça-feira [10], nós estaremos, pela Casa Civil, visitando cada ministério, para recepcionar as sugestões e prioridades dos ministros, e das ações que podem e devem ser tratadas com metas para os 100 dias de governo”, disse Costa.
No entanto, ele não informou quais estados o presidente visitará, o que está em processo de definição. A lista de obras e ações prioritárias deve ser concluída em duas semanas.
O ministro da Casa Civil, pasta que centraliza as ações dos demais ministérios, anunciou a retomada de programas como o Minha Casa Minha Vida, de habitação popular, e a construção de escolas e creches que estão com obras paralisadas. “Vamos hierarquizar do maior percentual de execução para o menor, para que possamos entregar o mais rápido possível”, explicou.
A respeito de nomeações dos cargos em ministérios e outros órgãos de governo, os quais devem compatibilizar, segundo Costa, capacidade técnica e política, a previsão é que, até o final de janeiro, estejam preenchidos.
Redação ICL Economia
Com informações da Rede Brasil Atual, Brasil de Fato e Agência Brasil