Queda na renda afetou o comércio em 2022. Setor foi um dos menos dinâmicos da economia no ano

Economistas do ICL dizem que o comércio mostrou pouco dinamismo e foi, junto com a indústria, um dos fatores de preocupação da formação do PIB este ano
29 de dezembro de 2022

O comércio em 2022 penou com a falta de dinheiro no bolso do brasileiro. O segmento faz parte do ramo de serviços, porém, foi um dos menos dinâmicos da economia brasileira neste ano. Devido ao pouco aumento de renda ocorrido em 2022, o brasileiro teve que fazer uma escolha difícil: gastar o excedente de sua renda com algum bem diferente ou em algum serviço para seu lazer. Na maior parte do tempo, os serviços foram escolhidos. Com exceção dos primeiros meses, o restante do ano foi marcado por crescimentos baixos e, inclusive, com dois resultados mensais negativos, entre junho e julho. Neste último mês, a queda foi de 1,8%. O último dado divulgado foi de outubro, que apresentou leve alta de 0,4%, o que demonstra o fraco desempenho desse segmento.

Os dados do comércio foram analisados pelos economistas do ICL Deborah Magagna e André Campedelli, no “Economia Para Todos – Boletim Diário de Notícias Econômicas e Atualização do Mercado”. Atualmente, o resultado acumulado nos últimos 12 meses foi de 0,1%, o primeiro resultado positivo desde maio deste ano. O setor foi marcado por um acumulado em 12 meses com resultados negativos, chegando inclusive a apresentar uma queda de 1,8% em julho.

“O ano foi bastante decepcionante para o setor como um todo, apresentando melhora apenas no último mês Quando comparado ao ano anterior, a melhora é basicamente marginal. Diante desse quadro, o setor comercial foi um dos mais preocupantes da economia brasileira durante este ano”, avaliam os economistas na publicação.

Dentro do comércio em 2022, setor de combustíveis foi um dos que mais cresceu, com alta de 14,9%

comércio em 2022

Variação mensal de vendas do comércio em 2022

De forma desagregada, no acumulado do ano, poucos setores apresentaram resultados positivos. O setor de combustíveis apresentou alta de 14,9%, enquanto o de hipermercados e supermercados cresceu 1,1%, o de tecidos e vestuários, 4%, o de artigos farmacêuticos, 7%, o de livros e papelaria, 18,5%, e o de equipamentos de escritório, 2,1%.

Nos demais, ocorreram quedas consideráveis, como no de móveis e eletrodomésticos (-8,7%), o de outros artigos de uso pessoal (-8,2%), o de veículos (-1,3%) e o de material de construção (-8,6%). “Isso mostra o resultado pouco expressivo do comércio em termos gerais”, dizem Deborah e André.

No acumulado em 12 meses até outubro, última data divulgada da pesquisa de comércio, o setor de material de construção apresentava acumulado negativo de 8,2%, o de veículos, de 0,9%, de outros artigos, de 0,9%, e o de móveis e eletrodomésticos, de 11,2%.

Entre os positivos, o setor de combustíveis apresentou alta de 11,2%, o de supermercados, de 0,8%, de tecidos e vestuários, de 2,4%, de artigos farmacêuticos, de 6,7%, e o de livros e papelaria, de 0,5%. “Temos, então, um setor patinando bastante, com grandes problemas em diversos ramos específicos”, pontuam os economistas.

De modo geral, Deborah e André dizem que o comércio mostrou pouco dinamismo e foi, junto com a indústria, um dos fatores de preocupação da formação do PIB (Produto Interno Bruto). “O aumento acumulado no ano é meramente marginal e, no acumulado em 12 meses, temos uma situação basicamente de estagnação em comparação ao ano anterior. Quedas em ramos específicos ajudam a explicar o baixo dinamismo do comércio e confirmam a hipótese de que o brasileiro está tendo uma difícil escolha, entre um pouco de lazer com gastos em serviços ou comprar algo diferente no setor comercial”, concluem.

Redação ICL Economia
Com informações do Economia Para Todos – Boletim Diário de Notícias Econômicas e Atualização do Mercado

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