O governador bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos) participou, na manhã desta terça-feira (22), de uma cerimônia que concluiu o processo de privatização da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo). A maior empresa de saneamento do país, que registrou um lucro líquido de R$ 3,1 bilhões em 2023, teve 32% de suas ações vendidas com o preço abaixo da média.
Tarcísio comemorou a venda da empresa nas redes sociais e disse que “fez história” ao entregar a companhia para a iniciativa privada. “Fizemos história! A empresa referência nacional em saneamento básico se torna ainda mais forte a partir de agora. Uma enxurrada de investimentos privados para levar água na torneira e esgoto pra todo mundo. Saneamento mais rápido, melhor, mais barato e para todos!”, publicou no X, antigo Twitter.
As ações da Sabesp foram vendidas a R$ 67 cada, valor 18,3% abaixo dos R$ 87, preço de fechamento na Bolsa de Valores na última quinta-feira (18). A venda de 32% da empresa resultou em R$ 14,8 bilhões aos cofres do governo paulista e representa uma perda de pelo menos R$ 4,5 bilhões aos cofres estaduais. O valor é quase um terço dos R$ 14,8 bilhões arrecadados com a privatização.
O economista e fundador do ICL (Instituto Conhecimento Liberta), Eduardo Moreira, tem criticado o processo de privatização da autarquia, uma empresa lucrativa e que, na opinião dele, está sendo usada como cabo eleitoral de Tarcísio, pré-candidato à eleição presidencial em 2026, no lugar de Jair Bolsonaro (PL), que está inelegível.
“Ele [Tarcísio] simplesmente comprou muito bem pago com o nosso dinheiro o apoio eleitoral do mercado. Ele deu um cheque de quase R$ 2 bilhões para comprar a simpatia, amizade eterna, lealdade e apoio do mercado financeiro, e da mídia de que esse mercado é dono. Um naco grande dessas empresas são dos fundos de investimento. O jogo da Sabesp é um jogo 100% político”, enfatizou Moreira.
Investidor denuncia maracutaia de Tarcísio na venda da Sabesp, com presente de R$ 3 bilhões ao mercado
Sócio associado da Kipuinvest, Roberto Nemr denunciou, em postagem no LinkedIn, a “Black Friday fora de época”, promovida pelo governador de São Paulo no processo de privatização da Sabesp.
“De todas as coisas absurdas que já vi na vida essa privatização da Sabesp, a preço subsidiado, foi a mais bizarra. Virou uma farra do boi de sob demanda a preço fixo quando o certo seria aumentar o preço para ajustar a demanda fictícia. Coisas assim não acontecem em um país sério. Ponto extremamente negativo para Tarcísio e órgãos reguladores. Equatorial e PFs insiders ganharam bilhões em poucas semanas: dinheiro esse que saiu do erário público”.
A Equatorial Participações, empresa da qual a multinacional estadunidense de investimentos BlackRock é acionista, tornou-se ‘investidora de referência’ da Sabesp privatizada.
Na continuação da análise, Nemr explicou o processo de ganho dos agentes do mercado com a privatização da companhia de saneamento: “Black Friday fora de época de tio Tarcísio de Freitas, o amigo do investidor. Era só comprar mais do que você queria, pegar o rateio a 67 reais e vender com 30% de lucro a 87. Quem paga? O erário do governo de São Paulo que está com os cofres cheios e não precisa desses reles R$ 3 bi a mais que distribuiu generosamente para centenas de investidores carentes”, publicou Nemr.
De Brasil 247