Após 5 meses da força-tarefa do governo em território Yanomami, 90% dos garimpeiros ilegais foram expulsos da região

Operação envolve equipes do Ibama, Polícia Federal, Funai e as Forças Armadas, que buscam, agora, inutilizar equipamentos e acabar com as fontes de financiamento do crime. Cores dos rios melhorou desde que ação contra o garimpo ilegal começou
30 de junho de 2023

A força-tarefa montada pelo governo federal, há cinco meses, para expulsar o garimpo ilegal do território Yanomami, conseguiu retirar do local cerca de 90% dos 20 mil garimpeiros que atuavam ilegalmente na região, no estado de Roraima. O foco, agora, é atuar para localizar possíveis invasores que estejam escondidos na região. Para isso, a força-tarefa está usando equipamento tecnológico e de inteligência.

Desde que foi implementada a força-tarefa, já é possível verificar melhorias na região, como na cor dos rios, e a presença de organismos sociais para auxiliar no combate a doenças e à fome.

As equipes do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), Polícia Federal, Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) e as Forças Armadas centram esforços também para inutilizar equipamentos e acabar com as fontes de financiamento do garimpo legal, com o objetivo de reduzir as chances de eles voltarem a atuar na região.

Em 21 de junho, o Ministério da Defesa publicou o Decreto n° 11.575, estabelecendo que as Forças Armadas intensifiquem as ações preventivas e repressivas contra delitos transfronteiriços e ambientais na Região Norte do país, promovendo ações de patrulhamento e revista de pessoas, veículos, embarcações e aeronaves, além de prisões em flagrante.

A nova fase da operação, denominada Ágata Fronteira Norte, conta com efetivo de, aproximadamente, 1.200 militares da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, que já estão atuando na faixa de fronteira na Região Norte com a Venezuela. Inicialmente, estão sendo empregadas 17 aeronaves, 1 navio-patrulha fluvial e 5 lanchas blindadas.

O novo decreto também prevê que o Ministério da Defesa atue no fornecimento de dados de inteligência e no transporte aéreo logístico de equipes da Polícia Federal, do Ibama e dos demais órgãos e entidades da administração pública federal que participarão diretamente na neutralização de aeronaves e equipamentos relacionados com a mineração ilegal no território Yanomami.

Desde que crise humanitária no território Yanomami foi revelada, rios da região apresentam cor melhor

Segundo reportagem da Folha de S.Paulo, a cor dos rios do território Yanomami já apresentaram mudança na coloração desde que a operação contra o garimpo ilegal foi implementada.

Imagens de satélite da Polícia Federal e das Forças Armadas mostram como as águas de rios como o Uraricoera estão mais escuras em comparação ao marrom-barro predominante das imagens do início do ano.

A coloração mais clara é causada justamente pela atividade do garimpo, que perfura os fundos dos rios e deixa a água lamacenta.

O Ibama afirmou que iniciará, a partir do segundo semestre, estudos de campo para mensuração dos níveis de mercúrio nas águas e ações de recuperação da fauna e da flora.

Desde que foi criada a força-tarefa do governo federal, a partir da publicação do decreto n° 11.405, de 30 de janeiro de 2023, as Forças Armadas distribuíram cerca de 22 mil cestas básicas, fizeram 1.984 atendimentos de saúde e auxiliaram as agências governamentais na destruição de aeronaves, balsas e outras estruturas utilizadas no garimpo ilegal.

Essas ações foram realizadas por meio da Operação Yanomami, que teve duração de quatro meses, empregou 915 militares e foi substituída pela Operação Ágata Fronteira Norte.

Em outra frente, a organização MSF (Médicos Sem Fronteiras) está na na terra indígena ajudando no combate à malária, problema de saúde grave na região, de alta incidência e que afeta adultos e crianças. O MSF está trabalhando junto com a Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena).

Informações do jornal Valor Econômico apontam que, de janeiro a abril, foram notificados 7.227 casos de malária na terra indígena, alta de 43% em relação ao mesmo período de 2022. O aumento de casos se deve à escassez crescente de recursos médicos e impulsionada pelo avanço dos garimpos ilegais.

A mineração produz desmatamento, o que pode aumentar a proliferação dos mosquitos que são vetores da doença.

Os atendimentos do MSF iniciaram em maio e os testes são feitos também em indígenas sem sintomas.

Em 21 de janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi pessoalmente, em companhia de alguns de seus ministros, ao território yanomami em Roraima, após reportagem produzida pelo site Sumaúma, que mostrou imagens de crianças e adultos em pele e osso como consequência da fome e desnutrição impingidas pelo garimpo ilegal, que reduz a oferta de caça e polui os rios usados para a subsistência desse povo.

Redação ICL Economia
Com informações de O Globo, Folha de S.Paulo, Valor Econômico e o site do Ministério da Defesa

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