Twitter: novo modelo de negócio e liberdade de expressão estão no centro das especulações

Para especialista, “O Twitter não tem poder de mercado, mas tem influência social que pode ser transformada em lucro”
26 de abril de 2022

Após a rede social Twitter ser adquirida, nesta segunda-feira (25), pelo bilionário Elon Musk (CEO da Tesla e da SpaceX) por US$$ 44 bilhões, surgem as especulações sobre o futuro da plataforma e seus negócios. Especialistas do mercado apontam para mudanças no posicionamento e no modelo de negócio da rede social.

Em entrevista à CNN Brasil, Nicolo Zingales, professor de Direito e Regulação da Informação, e coordenador do Núcleo de e-Commerce da FGV-RJ, explica que o Twitter “não estava gerando o lucro que poderia”, isso por conta da maneira como a monetização era aplicada. Em outras plataformas, como Google e Facebook, os usuários buscam distração ao navegar pela ‘timeline’ e, assim, é mais fácil colocar a publicidade. Já no twitter, o público é mais crítico e ativo.

Zingales acredita que Musk deve abrir um ecossistema dentro do Twitter com recomendações, códigos e algoritmos para criar ferramentas que auxiliem na experiência do usuário e, desta forma, irá conseguir lucrar com a plataforma. A ideia talvez seja implementar uma espécie de micro pagamentos como já é feito no Whatsapp e usar o engajamento do usuário para readequar o modelo de negócio. “O Twitter não tem poder de mercado, mas tem influência social que pode ser transformada em lucro”, explica o professor.

Liberdade de expressão

Horas antes de efetivar a compra, Elon Musk já indicava que seria o novo dono do Twitter, tornando a empresa de capital fechado. Isso deixa o Twitter sem a obrigação de dar satisfações para os acionistas ou para o público.

Depois do anúncio definido, Musk comemorou dizendo que “a liberdade de expressão é a base da democracia, e o Twitter é como a praça de uma cidade, só que digital, onde os assuntos vitais sobre o futuro da humanidade são debatidos”.

Isso fez com que o tema da liberdade de expressão na plataforma passasse a ser o centro das atenções. Musk tem planos de tornar públicos os algoritmos da rede para aumentar a confiança, combater os disparos de mensagens por robôs e autenticar todos os humanos que participam da plataforma.

Na Casa Branca (EUA), a porta-voz Jen Psaki disse que não importa quem seja o dono do Twitter, que o presidente Joe Biden se preocupa há tempo com o poder dessas grandes plataformas e acredita que precisam ser responsabilizadas pelos danos que causam à população.

Os democratas estadunidenes temem que o ex-presidente Donald Trump volte à rede. Ele foi suspenso do Twitter no dia 8 de janeiro do ano passado – dois dias depois da invasão do Capitólio, incitada por ele. A empresa disse que tinha tomado a decisão para evitar o risco de mais violência. Na época, Elon Musk criticou a suspensão de Trump.

Outro especialista ouvido pela CNN Brasil, Pablo Ortellado, professor de Gestão de Política Pública da USP (Universidade de São Paulo), avalia que, por ser uma figura “controversa”, Musk pode ainda “tirar algumas das ferramentas de moderação e a plataforma interferir menos nas políticas de desinformação”. O professor considera que a redução da moderação pode tornar o ambiente do Twitter “ainda mais agressivo e poluído”.

Polêmicas

O bilionário Elon Musk, que atua nos ramos da corrida espacial e da energia renovável, coleciona polêmicas por ser frequentemente relacionado ao conservadorismo político. Diante disso, mercado e sociedade temem pela concentração de poder numa das maiores redes sociais do planeta nas mãos de uma só pessoa.

Musk já disse abertamente que golpes de estado seriam aceitáveis em países que “atrapalham” a exploração do lítio pelo mercado. O lítio é o principal componente das baterias dos carros elétricos produzidos pela Tesla e o país em que é mais abundante é a Bolívia.

Na ocasião, o bilionário disse em sua conta no Twitter: “Vamos dar golpe em quem quisermos! Lide com isso”. Ele havia sido provocado por um usuário que dissera: “Você sabe o que não interessa às pessoas? O governo dos EUA organizando um golpe contra Evo Morales na Bolívia para que você possa obter lítio lá”.

Também denúncias de acobertamento de casos de assédio e exploração da mão de obra são colecionadas na empresas de propriedade de Musk.

Redação ICL Economia
Com informações da CNN Brasil e agências

 

 

 

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