Uso político da Caixa por Jair Bolsonaro gerou calote bilionário para o banco em empréstimos de alto risco

Reportagem exclusiva do site UOL mostra que, por meio de medidas provisórias assinadas por Bolsonaro e pelo então presidente da Caixa, Pedro Guimarães, foram criadas duas linhas de crédito no banco estatal, que geraram calote à instituição pública
29 de maio de 2023

O uso político da Caixa Econômica Federal pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), principalmente nos últimos meses de seu governo, teria causado um calote bilionário na Caixa Econômica Federal. Reportagem exclusiva publicada pelo site UOL no domingo (28) mostra que, no início de 2022, o presidente Jair Bolsonaro viu seu plano de reeleição falhar ao tentar conquistar os votos de pessoas de baixa renda. Diante disso, ele decidiu intensificar suas ações e contou com o apoio do banco estatal para alcançar seus objetivos eleitorais.

Por meio de medidas provisórias assinadas por Bolsonaro e pelo então presidente da Caixa, Pedro Guimarães, que saiu da presidência do banco após denúncias de assédio moral e sexual, foram criadas duas linhas de crédito no banco estatal.

Até as eleições, a Caixa liberou R$ 10,6 bilhões para 6,8 milhões de pessoas. No entanto, Bolsonaro não conseguiu se reeleger e o resultado dessa política de “torneira aberta” foi um enorme calote nas contas do banco, que agora está sendo revelado.

A reportagem do site, que teve acesso a informações mantidas em segredo pelo banco estatal, revelam que a instituição financeira foi usada como uma ferramenta de campanha de Bolsonaro, por meio de manobras obscuras e sem transparência. A reportagem ressalta que essas ações arriscadas expuseram o banco a um nível de risco sem precedentes na história recente.

Medidas provisórias assinadas por Jair Bolsonaro geraram alto índice de inadimplência para o banco

Medidas provisórias assinadas por Bolsonaro resultaram na criação de uma linha de microcrédito para pessoas com restrição de crédito, chamada “SIM Digital”, e na liberação de empréstimos consignados para o programa Auxílio Brasil. No entanto, o alto índice de inadimplência nessas operações trouxe consequências graves para a Caixa.

No caso do SIM Digital, a inadimplência chegou a 80% este ano, o que deve acarretar um rombo nas contas do banco, conforme revelado pela reportagem do UOL. Parte desse prejuízo será coberta com recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). Já no caso dos empréstimos consignados para o Auxílio Brasil, mais de 100 mil devedores foram excluídos do Bolsa Família este ano e o pagamento das parcelas é incerto.

No período eleitoral, a Caixa Econômica Federal disponibilizou 99% de toda sua carteira de crédito consignado do Auxílio Brasil de 2022. Os números escancaram de vez o uso eleitoreiro do banco estatal na tentativa de reeleger o então presidente. O crédito foi iniciado após o primeiro turno.

Até o segundo turno, a Caixa havia concedido R$ 7,595 bilhões para 2,9 milhões de beneficiários do programa de transferência de renda — o que equivale a 99% do total de 2022. Isso dá, em média, R$ 447 milhões por dia útil. O pico foi em 20 de outubro de 2022: R$ 731 milhões.

Quando empossada na presidência do banco, em janeiro deste ano, uma das primeiras medidas de Rita Serrano foi suspender a modalidade de crédito. Na ocasião, ela afirmou que o banco estatal não tinha como arcar com os custos de eventual inadimplência do consignado.

Redação ICL Economia
Com informações do site UOL

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