Brasil abre 247,8 mil vagas formais em setembro. Marinho nega mudanças no abono, seguro-desemprego e FGTS

Dados do Caged mostram que, no acumulado de janeiro a setembro, foram criadas 1.981.557 vagas com carteira assinada.
31 de outubro de 2024

O Brasil criou 247.818 vagas de emprego com carteira assinada em setembro, conforme dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) divulgados ontem (30). No acumulado de janeiro a setembro deste ano, foram criados 1.981.557 postos de trabalho formais.

De acordo com os dados divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego, o resultado de setembro foi 21,1% superior ao registrado no mesmo período do ano passado, quando houve 204.670 admissões.

O saldo do período é resultado da diferença entre contratações e demissões. No mês passado, foram 2.163.929 admissões e 1.916.111 desligamentos.

As vagas por setores estão distribuídas da seguinte forma:

  • Serviços: +128.354;
  • Indústria: +59.827;
  • Comércio: +44.622;
  • Construção: +17.024;
  • Agropecuária: foi o único setor a registar resultado negativo, -2.004.

Os dados gerais do Caged mostram que:

  • Janeiro a setembro de 2024: foram criados 1.981.557 postos de trabalho formais.
  • Últimos 12 meses (outubro de 2023 a setembro de 2024): foram abertas 1.839.418 vagas. Este resultado é 28,6% superior ao observado no período de outubro de 2022 a agosto de 2023.

Já o salário médio real na contratação, em setembro, foi de R$ 2.158,96, valor R$ 8,25 inferior ao de agosto, representando uma redução de aproximadamente 0,38%.

PIB maior ajuda a impulsionar o mercado de trabalho, mas ciclo de alta da Selic pode prejudicar economia

Ao jornal O Globo, o economista Rodolpho Tobler, do FGV Ibre, disse que os resultados positivos neste ano são consequência do crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) do país, que aquece o mercado de trabalho. Essa trajetória positiva, no entanto, pode ser afetada pela subida da taxa básica de juros, a Selic, cujo ciclo de alta começou na última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, realizada em setembro.

“Todo esse momento positivo da atividade econômica tem se demonstrado também no mercado de trabalho. A gente espera que tenha alguma desaceleração da atividade econômica, sabemos que o juros voltou a subir na metade desse ano. Mas isso são efeitos que demoram um pouco mais para chegar no mercado de trabalho. Então, qualquer efeito de alta de juros também demora a chegar um pouco para a economia”, analisou o especialista.

Neste ano, a projeção de crescimento do PIB foi fixada em 3,2% pelo governo. A taxa básica de juros está atualmente em 10,75% ao ano. Na próxima semana, o Copom realiza mais uma reunião e a expectativa é de alta da Selic.

Marinho nega mudanças no abono, seguro-desemprego e FGTS

O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, afirmou ontem que não foi procurado para discutir mudanças no abono, seguro-desemprego e no FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), e que pode se demitir caso as medidas sejam debatidas sem o seu aval.

“Se ninguém conversou comigo, não existe, se eu sou responsável pelo Trabalho e Emprego. A não ser que o governo me demita. Vale para todo o tema do Trabalho que eu não discuti”, disse em entrevista coletiva sobre o Caged.

A resposta de Marinho referem-se a notícias de que o abono salarial e o seguro-desemprego estejam entre os temas discutidos pela equipe econômica para entrarem na lista de corte de gastos.

Ontem, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, informou que houve consenso com a Casa Civil na formulação de medidas externas ao corte de gastos públicos. Ele destacou que o plano está passando por uma avaliação jurídica e não especificou um prazo para sua apresentação. A ideia é que o plano ajude o governo a cumprir a ajustar as contas públicas e cumprir o arcabouço fiscal (regra que limita o crescimento de despesas).

Marinho, por sua vez, reafirmou ainda que considera uma “agressão” que medidas relacionadas ao Trabalho sejam discutidas sem o seu conhecimento. Questionado se pediria demissão caso constatasse que isso está acontecendo, ele disse que é “possível”.

“Se eu for agredido, é possível, nunca fui. Uma decisão de um tema sem minha consulta é uma agressão”, afirmou.

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias

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