Relatório da Cepal prevê 1/3 da população da América Latina em estado de pobreza em 2022

Nível do estado de pobreza é superior ao observado antes da pandemia da Covid-19, sem qualquer possibilidade de uma recuperação rápida
9 de junho de 2022

O limitado desempenho econômico da América Latina esperado para este ano, aliado à inflação crescente, elevará o estado de pobreza da população e extrema pobreza na região, prevê o relatório divulgado pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal).

A estimativa é que a população abaixo da linha de pobreza chegue a 33%, acima dos 32,1% de 2021, enquanto aqueles abaixo da linha da extrema pobreza passem de 13,8% no ano passado para 14,5%.

O estado de pobreza é notadamente superior ao observado antes da pandemia da Covid-19 e afasta a possibilidade de uma recuperação rápida. Embora em 2021 tenha havido uma redução na taxa de pobreza em relação a 2020, a extrema pobreza seguiu crescendo naquele ano.

Segundo a Cepal, a aceleração da inflação pode elevar ainda mais o nível de pobreza. No cenário mais extremo, a pobreza pode chegar a 33,7%, enquanto a pobreza extrema, a 14,9% da população. Nesse cenário, cerca de 7,8 milhões de pessoas se somariam aos 86,4 milhões cuja segurança alimentar já está em risco.

O estudo indica ainda que, após a expansão econômica observada em 2021 (6,3%), a região alcançará em 2022 um crescimento médio anual de 1,8%, que tende a retornar ao lento padrão de crescimento de 2014-2019 (apenas 0,3% em média por ano, com a consequente queda do PIB per capita).

Aumento do estado de pobreza posiciona Brasil abaixo do crescimento da economia do Haiti em 2023

Em relação ao Brasil, após um crescimento esperado de 1,5% no Produto Interno Bruto (PIB) este ano, a economia do país deve crescer apenas 0,8% em 2023 – menos de 1/3 da alta de 3% esperada para a economia global, e de metade da alta de 1,9% prevista para a América Latina. A previsão de 0,8% do PIB do Brasil em 2023  está  no relatório Perspectivas Econômicas Globais, divulgado na terça-feira (7) pelo Banco Mundial.

Também a OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) revisou para baixo a estimativa para o crescimento do PIB do Brasil em 2023, de 2,1% para 1,2%, em linha com o mercado e o Banco Mundial.

Considerando os países da América Latina e Caribe, em 2022, o Brasil só deve crescer mais que o Haiti (-0,4%) e o Paraguai (0,7%), entre os países com previsões feitas pelo Banco Mundial (o banco não divulga dados sobre a Venezuela por falta de confiabilidade). Já a projeção de alta de 0,8% no PIB brasileiro para 2023 é a menor entre os países da região, empatada com a do Chile. Os 0,8% é inferior o PIB projetado para o Haiti, El Salvador e Suriname em 2023.

Considerando os dois anos, 2022 e 2023, o crescimento brasileiro deve ser menor que as altas esperadas para o México e a Argentina: enquanto o primeiro deve crescer 1,7% e 1,9% em 2022 e 2023, respectivamente, o segundo deve ver altas de 4,5% e 2,5%.

 


Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias

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