Cerca de 77% dos reajustes salariais negociados em abril tiveram ganho real

Apenas 1,1% das negociações de abril tiveram reajustes abaixo do INPC, o menor percentual desde dezembro de 2022.
23 de maio de 2024

Cerca de 77% dos 90 reajustes de abril registrados no Mediador até 6 de maio resultaram em ganho real aos salários, na comparação com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (INPC-IBGE). O dado representa um recuo diante do observado no primeiro trimestre de 2024, quando mais de 85% dos reajustes analisados ficaram acima da inflação. Por outro lado, apenas 1,1% das negociações de abril tiveram reajustes abaixo do INPC, o menor percentual desde dezembro de 2022. Logo, o recuo nos ganhos reais deveu-se ao crescimento do número dos reajustes em percentuais iguais à inflação. Isso aconteceu principalmente no setor do comércio, onde cerca de 70% dos reajustes foram iguais à variação do INPC-IBGE.

Apesar do recuo no percentual das negociações com ganhos reais em abril, a variação real média nessa data-base (que equivale à média simples das variações reais de todos os reajustes desse mês) subiu para 1,82%. Trata-se do segundo maior resultado para uma data-base nos últimos 15 meses, inferior somente ao registrado em julho de 2023 (2,85%) e praticamente igual ao verificado em janeiro de 2024 (1,81%).

O valor do reajuste necessário, equivalente à variação dos preços nos 12 meses anteriores a cada data-base, segue em queda. Em geral, a redução contribui para a realização de boas negociações salariais. Em abril, o reajuste necessário foi igual a 3,40%. Para maio, o valor será de 3,23%.

Em 2024, 86% das negociações salariais resultaram em ganho real para os trabalhadores

No acumulado em 2024, até abril, verifica-se que 86,1% das 2.546 negociações analisadas alcançaram ganhos reais, 10,8% registraram reajustes iguais ao necessário na data-base (ou seja, o INPC integral) e apenas 3,2% tiveram resultados insuficientes para a recomposição das perdas salariais. A variação real média em 2024 é, no momento, igual a 1,89% acima do INPC.

No panorama setorial, em 2024, a indústria e os serviços apresentam os maiores percentuais de reajustes acima da inflação (88,8% e 86,9%, respectivamente). No comércio, o menor percentual de ganhos reais (74%) é acompanhado por uma maior frequência de resultados iguais à inflação (22,8%, diante de 7,6% na indústria e 10,4% nos serviços). No cômputo geral, mais de 96% das negociações nos três setores garantiram reajustes iguais ou superiores ao INPC.

Na perspectiva regional, nota-se maior equilíbrio. Todas as regiões registram mais de 80% de negociações com reajustes acima da inflação, com destaque para o Sudeste, com 88,9% dos casos. Outro destaque positivo é o Sul, com resultados abaixo da inflação em apenas 1,4% das negociações, o menor percentual entre todas as regiões.

As negociações por categoria (que geram convenções coletivas) apresentam ligeira vantagem em relação às realizadas por empresas (que produzem acordos coletivos), como pode ser observado a seguir.

O valor médio dos pisos salariais analisados nos primeiros quatro meses do ano foi de R$ 1.621,48; e o valor mediano, de R$ 1.512,00.Na comparação entre os setores, o maior valor médio pertence ao comércio (1.673,82); e o maior valor mediano, ao setor rural (R$ 1.625,58). Já os menores valores são da indústria (valor médio de R$ 1.556,43) e mediano de R$ 1.480,00).

No recorte geográfico, os maiores pisos salariais médios e medianos são, até o momento, os do Sul (respectivamente R$ 1.726,06 e R$ 1.672,00); e os menores, os do Nordeste (respectivamente R$ 1.547,53 e R$ 1.451,20).

Do portal do Dieese

 

 

 

 

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