88% dos reajustes salariais em fevereiro ficaram acima da inflação

As negociações salariais na indústria e nos serviços apresentam desempenhos semelhantes nesse começo de 2024.
22 de março de 2024

Pelo terceiro mês seguido, reajustes salariais acima da inflação são observados em mais de 80% dos casos analisados pelo DIEESE. Na data-base fevereiro, 88% das 117 negociações inseridas no Mediador até 5 de março resultaram em ganhos acima do INPC-IBGE (Índice Nacional de Preços ao Consumidor, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), e 9,4%, na recomposição das perdas acumuladas.

Dessa forma, os resultados abaixo da inflação totalizam apenas 2,6% dos casos de fevereiro. Também é importante destacar que fevereiro mantém o comportamento observado desde dezembro de 2023, de aumento na proporção dos reajustes acima do INPC, contrapondo-se ao registrado entre junho e novembro de 2023, de redução do peso dos aumentos reais.

Variação real média dos reajustes salariais

Em que pese o aumento da proporção de reajustes acima do INPC em fevereiro, a variação real média na data-base caiu para 1,63%, diante da média de 1,91%, observada em janeiro de 2024. Ainda assim, é a terceira maior média nas últimas 15 datas-bases, atrás somente de julho de 2023 (2,21%) e janeiro de 2024.

Reajuste necessário

As categorias com data-base em março de 2024, que utilizam o INPC-IBGE como referência de inflação, negociarão os reajustes considerando o percentual de 3,86% como o necessário para a recomposição das perdas ocorridas desde março do ano anterior. O valor é ligeiramente maior do que o observado para as negociações com data-base em fevereiro de 2024 (3,82%).

Reajustes parcelados

Em fevereiro, não foram observados reajustes parcelados nas negociações coletivas, como visto em janeiro. Já em dezembro, após o registro de novos reajustes para essa data-base, notou-se o aparecimento dos primeiros casos de reajustes parcelados. No entanto, esses resultados totalizam apenas 0,8% do total da data-base.

Reajustes escalonados

Os reajustes diferenciados segundo faixa de salários ou tamanho das empresas, chamados reajustes escalonados, estão presentes em cerca de 6% dos casos analisados em fevereiro. Trata-se do menor percentual das últimas 15 datas-bases.

Distribuição dos reajustes em 2024

Em relação ao painel acumulado de 2024, reajustes acima da inflação foram observados em 86% das 928 negociações analisadas desde janeiro; e iguais à inflação, em 11,5%. Apenas 2,5% dos resultados ficaram abaixo da variação do índice calculado pelo IBGE.A variação real média é, até o momento, igual a 1,87% acima do INPC.

Resultados por setor econômico

As negociações salariais na indústria e nos serviços apresentam desempenhos semelhantes nesse começo de 2024, com ganhos reais em mais de 80% dos casos (88,9% e 87,1%, respectivamente), reajustes iguais à variação do INPC em cerca de 10% (8,4% e 11%); e poucos resultados abaixo do índice inflacionário (2,8% e 1,8%). No comércio, há menor participação de negociações com reajustes acima da inflação (67,1%) e maior de resultados iguais e abaixo do INPC (27,4% e 5,5%, respectivamente).

Reajustes por região geográfica

Segundo o recorte regional, reajustes acima da inflação são mais frequentes entre as negociações do Sudeste (88,6%) e Sul (87,5%), e menos no Norte (77,6%). Quanto aos resultados abaixo da variação do INPC, nota-se maior frequência no Norte (6,6%) e menor no Sul (1,1%) e Centro-Oeste (1,5%).

Resultados por tipo de instrumento coletivo

Os valores dos pisos salariais são apresentados, a seguir, em dois indicadores: 1)valor médio, equivalente à soma dos valores de todos os pisos, dividida pelo número de pisos observados; e 2) valor mediano, correspondente ao valor abaixo do qual está a metade dos pisos analisados. O valor mediano sofre menos influência dos valores extremos da série, indicando melhor a distribuição dos pisos.Em 2024, o valor médio dos 922 pisos salariais analisados foi de R$ 1.590,99; e o mediano, de R$ 1.488,00. Por setor, o maior valor médio é dos serviços (1.627,52); e o maior valor mediano, do setor rural (R$ 1.640,10). Já os menores são da indústria (valor médio de R$ 1.528,08 e mediano de R$ 1.458,00).

Do boletim De olho nas negociações, do DIEESE

 

 

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