“Brasil dá um grande presente à China e, ao mesmo tempo, ensina uma lição aos Estados Unidos”. Esse é o título de reportagem publicada pelo portal chinês 163.com. E segue: “O status do dólar como moeda mundial deu aos EUA a oportunidade de colher a riqueza do mundo. Muitos já estão insatisfeitos com essa situação, como União Europeia e China, e até a Índia está buscando acordos em moeda local para contornar a opressão do dólar.”
Vários outros veículos de imprensa mostraram entusiasmo com o acordo firmado entre Brasil e China, conforme noticiou o jornal Folha de S. Paulo.
Também se espalhou, na China e internacionalmente, via Bloomberg, um artigo publicado pelo economista Jim O’Neill na Global Policy, defendendo que os Brics “desafiem o domínio do dólar”, usando o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), o banco do Brics. “O dólar representa papel muito dominante nas finanças globais. Sempre que o Fed embarca em períodos de aperto monetário, ou o oposto, de afrouxamento, as consequências sobre o valor do dólar e os efeitos indiretos foram dramáticos.”
Ele apoiou a expansão do NDB, para gerar um sistema de múltiplas moedas, mais justo, argumentando que as dívidas externas em dólar “desestabilizam a política monetária própria, com os movimentos [dos EUA] tendo papel maior que as decisões nacionais”.
Para China, Dilma à frente do banco do Brics reforça mecanismo de cooperação
Quem também defendeu a expansão foi Mao Ning, a porta-voz do ministério do exterior chinês, ao ser questionada sobre a posse da ex-presidente Dilma Rousseff no NDB. Dela, via Huanqiu e outros:
“Dilma Rousseff é uma conhecida política e economista que há muito tempo está ativamente comprometida com a causa do desenvolvimento global, goza de excelente reputação e importante influência na comunidade internacional. A nomeação da sra. Rousseff pelo governo brasileiro como presidente do NDB reflete plenamente a grande importância que atribui ao banco e ao mecanismo de cooperação do Brics, e a China aprecia isso.”
A ex-presidenta da República Dilma Rousseff começou a comandar o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB na sigla em inglês), também conhecido como Banco do Brics, no dia 28 de março. O perfil oficial da instituição financeira no Twitter divulgou as primeiras imagens de Dilma na função de presidenta do banco, que tem sede em Xangai, na China. A nova presidenta do Banco do Brics terá oportunidade de ampliar a inserção internacional na instituição, mas enfrentará dois grandes desafios: impulsionar projetos ligados ao meio ambiente e driblar o impacto geopolítico das retaliações ocidentais à Rússia, um dos sócios-fundadores.
Em 10 de março, o NDB anunciou a substituição de Troyjo por Dilma. A eleição no Conselho de Administração do banco ocorreu duas semanas mais tarde. Cada país do Brics – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – preside o banco por mandatos rotativos de cinco anos.
Criado em dezembro de 2014 para ampliar o financiamento para projetos de infraestrutura e de projetos de desenvolvimento sustentável no Brics e em outras economias emergentes, o NDB atualmente tem cerca de US$ 32 bilhões em projetos aprovados. Desse total, cerca de US$ 4 bilhões estão investidos no Brasil, principalmente em projetos de rodovias e portos.
Em 2021, o Banco do Brics teve a adesão dos seguintes países: Bangladesh, Egito, Emirados Árabes Unidos e Uruguai.
Redação ICL Economia
Com informações da Folha de S. Paulo