Colocar comida à mesa dos brasileiros, especialmente nas famílias mais vulneráveis, está cada vez mais difícil com a alta nos preços dos alimentos e do gás de cozinha, além do aumento dos combustíveis, essenciais para o transporte das mercadorias.
O preço do botijão de gás de 13 quilos chega a R$ 160, valor máximo da pesquisa semanal realizada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Esse valor foi encontrado em Mato Grosso. Na média nacional, o gás de cozinha (GLP) chega a R$ 113,66, quase 10% do salário mínimo. O levantamento foi feito entre os dias 10 e 16 de abril, em 3.881 municípios.
Enquanto o maior preço foi registrado em Mato Grosso, o menor foi encontrado no Maranhão: R$ 78, ou 51% a menos. Considerando apenas os preços médios de cada estado, o custo com um botijão vai de R$ 102,30 (Rio de Janeiro) a R$ 135,44 (Mato Grosso). Em São Paulo, a média é de R$ 112,89, com o valor variando de R$ 90 a R$ 149.
Gasolina
No caso da gasolina, o preço do litro no país está cerca de 15% acima da média praticada em 170 países, segundo levantamento feito no site da consultoria Global Petrol Prices.
O litro do combustível nos postos brasileiros custa R$ 7,192, bem acima do valor da média mundial de R$ 6,29 – dados coletados pela consultoria junto à ANP (Agência Nacional do Petróleo) até 11 de abril. O levantamento compara os preços locais, em geral informados por órgãos governamentais, convertidos em dólar. Os números também consideram o valor final ao consumidor, com impostos, custos de logística e, em alguns casos, subsídios ao combustível.
Pelo dado mais recente, o Brasil ocupa a posição 118 na lista de 170 países ranqueados do menor para o maior preço. Olhando a lista de outra perspectiva, o Brasil estaria na posição 53 entre os países com a gasolina mais cara.
Os dados da Global Petrol Prices mostram que o Brasil possui uma das maiores taxas de gastos com o combustível em relação ao nível de renda, de 4,8%, ao lado de países da África e da América Central.
Considerando o custo de encher um tanque de 40 litros, ele equivale a 10,8% da renda média mensal do brasileiro. Os números são praticamente o dobro do verificado, por exemplo, na Argentina.
Segundo levantamento da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), ao menos 29 países lançaram medidas para amortecer o impacto da alta do petróleo sobre esses preços. No Brasil, somente no período entre 12 de janeiro e 10 de março, a Petrobras promoveu dois reajustes nos combustíveis.
O governo Bolsonaro segue culpando a estatal pelos altos preços, mas nada faz para amenizar os reflexos da política de Preço de Paridade de Importação (PPI), iniciada em 2016, ainda no governo de Michel Temer. Essa política consiste em reajustar os preços dos combustíveis no país de acordo com a variação do preço do petróleo no mercado internacional, que é estipulado em dólar. O PPI garante altos lucros aos acionistas da Petrobras, enquanto prejudica trabalhadores e empresários que produzem e recebem em reais.
Redação Economia ICL
Com informações da RBA e Folha de S. Paulo