Depois do escândalo envolvendo as joias milionárias dadas de presente pelo governo ditatorial da Arábia Saudita, o casal Jair e Michelle Bolsonaro está envolto em uma nova trama. Até o momento, a defesa do ex-presidente não conseguiu provar a legalidade das transações em dinheiro vivo envolvendo o tenenete-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Conforme a investigação, há indícios de um esquema de lavagem de dinheiro para esconder a prática de “rachadinha” (desvio de salário de assessor) no Palácio do Planalto.
Os depósitos em dinheiro vivo na conta de Michelle foram revelados em reportagem do site UOL. Por ora, a defesa do presidente minimizou as transações para Michelle dizendo que os valores são “pífios”.
Os argumentos dos advogados têm várias pontas soltas que não esclarecem em nada as suspeitas da Política Federal, que investiga suposto esquema de desvio de recursos e rachadinha no Palácio do Planalto na gestão Bolsonaro.
Os investigadores identificaram a realização de depósitos em dinheiro vivo para a então primeira-dama. Os repasses totalizaram R$ 8.600,00, e os depósitos usavam um método comum nos casos de rachadinha, conforme a investigação. Ou seja, eram feitos de forma fracionada, em pequenos valores, para impedir o alerta aos órgãos de controle e a identificação de irregularidades.
Como os pagamentos foram feitos em dinheiro vivo, não há a identificação da origem dos valores. O inquérito apura se os pagamentos seriam provenientes do desvio de recursos públicos do Palácio, aliás, uma prática bastante comum dentro da família do ex-presidente. Está em curso investigação de prática semelhante no gabinete do filho zero dois de Bolsonaro, o vereador Carlos, do Rio de Janeiro. Denúncia semelhante envolveu o hoje senador Flávio, o filho zero um do ex-presidente.
Segundo reportagem do UOL, o advogado do ex-presidente, Fabio Wajngarten, afirmou que os repasses tiveram como origem a conta pessoal de Bolsonaro, e que os valores eram pagos em dinheiro em caso de despesas envolvendo “pequenos fornecedores e fornecedores informais”.
A defesa também argumentou que os saques eram feitos por Mauro Cid por questões de segurança, e que ele só fazia pagamentos que tinham relação direta com Bolsonaro ou Michelle.
Até o momento, a defesa do ex-presidente não apresentou à imprensa nenhum documento que comprove a legalidade das transações, sob o argumento de que o processo está sob sigilo.
“Sem crédito” na praça, Michelle Bolsonaro também usava cartão de amiga para pagar despesas com manicure
Sob o argumento de que o marido é “pão duro” e de que “não tem crédito” na praça para ter um cartão em seu nome, a ex-primeira-dama pagava despesas pessoais usando o cartão de crédito da amiga Rosimary Cardoso Cordeiro. “A dona Michelle nunca possuiu limite de crédito”, afirmou Wajngarten. “Ela não tinha receita compatível”, insistiu ele em seu argumento com o pé na realidade daqueles que acreditam que a Terra é plana.
Por isso, ela usava o cartão da amiga para evitar “constrangimentos” a Bolsonaro, o “pão duro”. Algumas faturas chegaram a passar de R$ 2 mil, segundo a defesa de Bolsonaro. Os advogados prometeram apresentar uma planilha com todos os reembolsos, mês a mês, feitos a Rosemary durante o período.
Segundo a defesa, Michelle fazia pequenas compras e reembolsava mês a mês a amiga. Os áudios obtidos pela PF mostram que as despesas da então primeira-dama eram pagas em dinheiro vivo. O tenente-coronel Mauro Cid tinha acesso à conta bancária de Bolsonaro para realizar saques.
Sobre Mauro Cid, a defesa disse que o militar apresentava ao então presidente uma “estimativa de custos” do mês, sacava os valores e fazia os pagamentos por meio do terminal eletrônico do Palácio do Planalto. “Ele mesmo [Mauro Cid] sacava na boca do caixa da conta do presidente. Sempre custos pessoais.”
Defesa confirma existência de conta no exterior em nome do ex-presidente
Os advogados do ex-presidente confirmaram a existência de uma conta no exterior em nome dele, com cerca de R$ 600 mil. A declaração foi dada ontem (15), em coletiva convocada pela defesa para esclarecer supostas movimentações irregulares em dinheiro vivo pela família Bolsonaro.
Segundo o advogado Marcelo Bessa, que defende Bolsonaro ao lado de Wajngarten, Bolsonaro tinha o valor em uma conta poupança no país, pelo Banco do Brasil, e abriu uma conta no exterior para transferir suas economias por entender que “a economia brasileira iria de mal a pior” após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assumir o governo. A conta, nos Estados Unidos, teria sido aberta em dezembro. “Todo o dinheiro foi transferido via Banco Central, respeitando as questões legais”.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e do UOL